São Paulo, quarta-feira, 02 de novembro de 2005

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DIPLOMACIA

Evento reúne presidentes de 33 países na Argentina entre sexta e sábado

Cúpula deve citar Alca em declaração

MAELI PRADO
DE BUENOS AIRES

O Brasil, assim como os outros países do Mercosul, admite que seja feita uma referência à Alca (Área de Livre Comércio das Américas) na declaração final da 4ª Cúpula das Américas, que reúne 33 presidentes do continente na sexta-feira e no sábado que vêm na Argentina. É contrário à posição dos EUA, entretanto, de formalizar no texto uma data para a retomada das negociações do bloco comercial.
Esse é um dos principais impasses, segundo a Folha apurou, que hoje travam a redação da declaração que será assinada pelos chefes de Estado no próximo sábado, quando termina a cúpula.
A Alca foi lançada na primeira Cúpula das Américas, em 1994, mas as negociações estão travadas desde o início de 2004, já que alguns países, entre eles o Brasil, tem restrições ao modelo proposto pelos Estados Unidos.
Os EUA, junto com outros países, como Canadá e México, querem impulsionar o bloco comercial durante o encontro, fixando uma data para o seu lançamento, em 2006. Outro grupo de países, como Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, não querem essa menção, apesar de concordarem que seja mencionada a retomada das negociações.

Venezuela
Segundo uma fonte da diplomacia brasileira, a Venezuela é o único país que se opõe a uma menção da Alca no texto final.
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, defende a Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas) como uma alternativa de integração e participará dos protestos que ocorrerão em Mar del Plata contra a presença do presidente americano, George W. Bush.
Segundo a imprensa local, as delegações que discutem o texto final na cidade litorânea de Mar del Plata criaram um grupo apenas para resolver o impasse da menção da Alca na declaração.
Outra celeuma é que a delegação americana também quer uma menção na declaração sobre a necessidade de regras mais rígidas de propriedade intelectual no continente. Como há posições divergentes sobre o tema, o texto final não deverá trazer grandes avanços nem para os países que defendem regras mais rígidas, como os EUA, nem para os que são contrários a essa postura, como os membros do Mercosul.

Empregos
O tema central desta cúpula, que pelo cronograma original deveria celebrar a assinatura do acordo comercial, vai ser a geração de empregos em países em desenvolvimento como forma de assegurar a democracia. Também não há consenso entre os negociadores sobre como esse objetivo poderia ser implementado.
Serão discutidos também temas como alfabetização e cobertura de saúde dos países do continente para doenças como a Aids.
A declaração final da cúpula pode estabelecer metas mais ambiciosas inclusive do que as chamadas Metas do Milênio previstas pela ONU (Organização das Nações Unidas) para geração de emprego no continente.
Segundo publicou ontem o jornal argentino "Clarin", o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, deve tentar conseguir o apoio de Bush para as negociações do país para assinar um novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional).


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