São Paulo, quinta-feira, 02 de novembro de 2006

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Tarso recua e diz que Lula "dá a linha" para governo

Em tom de brincadeira, ministro afirma que eventual "bronca" do presidente seria justa

No domingo, ele havia provocado crise ao decretar "fim da era Palocci'; ontem, fez elogios até ao presidente do BC, antes alvo de críticas

PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquadrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ter decretado o fim da "era Palocci", o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) disse ontem que às vezes até merece levar uma "bronca" do chefe.
"Quando o presidente fala, dá uma linha para todo o governo e enquadra politicamente todos os seus ministros. É isso que ocorreu e é assim que deve ocorrer", afirmou o ministro, que ficará dez dias em férias, longe, portanto, dos holofotes.
Tarso disse que não tomou nenhuma "bronca" do presidente Lula e completou, rindo: "Mas se me desse seria justa". Questionado se era uma admissão de que havia extrapolado, o petista disse que a resposta sobre a bronca "foi uma brincadeira de bom gosto".
O ministro afirmou que não ficou nem um pouco "constrangido" com o episódio. "Sobre a questão de era Palocci ou não, no momento em que o presidente emite um juízo, esse passa a ser o juízo do governo, todos nós estamos vinculados a ele", disse. Na segunda, Lula disse que não existe nem nunca existiu "era Palocci", mas sim uma política econômica do governo, que será mantida.
No domingo, ministros que defendem guinada na política econômica, com queda mais rápida dos juros, deram declarações fortalecendo sua posição, como o próprio Tarso e a titular da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Desautorizada, Dilma já havia recuado, no que foi seguida ontem por Tarso. "O presidente já falou a respeito desse assunto. Quando o presidente fala e orienta, a palavra dele tem um efeito terminativo", disse.
O alvo implícito do ataque era a política de juros do Banco Central, presidido por Henrique Meirelles, acusado de errar na dose e asfixiar a economia.
Ontem, Tarso evitou entrar em confronto com o presidente do BC. "Acho que é uma valorização adequada do trabalho dele", disse. "O Meirelles disse uma coisa muito sábia, que a baixa inflação foi um elemento de popularidade do governo. Concordo integralmente."
O ministro conversou ontem com Lula e afirmou que o ministério novo não sai antes do final do ano, em dezembro. O PMDB, cotado como o grande parceiro do governo no segundo mandato, ainda precisa se unificar para de fato conseguir esse status, avalia Tarso.
"O PMDB hoje é um não-partido. Estão divididos ao meio. Para ter espaço no governo, precisamos ter 80%, 85% da bancada votando com o governo em qualquer assunto", disse.


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