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Tarso recua e diz que Lula "dá a linha" para governo
Em tom de brincadeira, ministro afirma que eventual "bronca" do presidente seria justa
No domingo, ele havia provocado crise ao decretar "fim da era Palocci'; ontem, fez elogios até ao presidente do BC, antes alvo de críticas
PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquadrado pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva por ter
decretado o fim da "era Palocci", o ministro Tarso Genro
(Relações Institucionais) disse
ontem que às vezes até merece
levar uma "bronca" do chefe.
"Quando o presidente fala, dá
uma linha para todo o governo
e enquadra politicamente todos os seus ministros. É isso
que ocorreu e é assim que deve
ocorrer", afirmou o ministro,
que ficará dez dias em férias,
longe, portanto, dos holofotes.
Tarso disse que não tomou
nenhuma "bronca" do presidente Lula e completou, rindo:
"Mas se me desse seria justa".
Questionado se era uma admissão de que havia extrapolado, o
petista disse que a resposta sobre a bronca "foi uma brincadeira de bom gosto".
O ministro afirmou que não
ficou nem um pouco "constrangido" com o episódio. "Sobre a questão de era Palocci ou
não, no momento em que o presidente emite um juízo, esse
passa a ser o juízo do governo,
todos nós estamos vinculados a
ele", disse. Na segunda, Lula
disse que não existe nem nunca
existiu "era Palocci", mas sim
uma política econômica do governo, que será mantida.
No domingo, ministros que
defendem guinada na política
econômica, com queda mais rápida dos juros, deram declarações fortalecendo sua posição,
como o próprio Tarso e a titular
da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Desautorizada, Dilma já havia recuado, no que foi seguida
ontem por Tarso. "O presidente já falou a respeito desse assunto. Quando o presidente fala e orienta, a palavra dele tem
um efeito terminativo", disse.
O alvo implícito do ataque
era a política de juros do Banco
Central, presidido por Henrique Meirelles, acusado de errar
na dose e asfixiar a economia.
Ontem, Tarso evitou entrar
em confronto com o presidente
do BC. "Acho que é uma valorização adequada do trabalho dele", disse. "O Meirelles disse
uma coisa muito sábia, que a
baixa inflação foi um elemento
de popularidade do governo.
Concordo integralmente."
O ministro conversou ontem
com Lula e afirmou que o ministério novo não sai antes do
final do ano, em dezembro. O
PMDB, cotado como o grande
parceiro do governo no segundo mandato, ainda precisa se
unificar para de fato conseguir
esse status, avalia Tarso.
"O PMDB hoje é um não-partido. Estão divididos ao meio.
Para ter espaço no governo,
precisamos ter 80%, 85% da
bancada votando com o governo em qualquer assunto", disse.
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