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Lula vai mudar diretoria do BC, diz Pimentel
Marcos Michelin/"Estado de Minas"
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O prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), que é cotado para assumir um ministério no segundo mandato de Lula |
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
No comando da maior capital
administrada pelo PT e apontado como um dos ministeriáveis
na segunda gestão de Lula, o
economista e prefeito de Belo
Horizonte, Fernando Pimentel, disse que Guido Mantega
será mantido no Ministério da
Fazenda e "certamente" os diretores do Banco Central serão
substituídos, porque não terão
seus mandatos renovados.
Crítico da política de juros do
Banco Central, Pimentel é um
dos principais nomes do PT para concorrer ao governo de Minas Gerais em 2010. Na gestão
em Belo Horizonte, é bem avaliado -tem 65% de ótimo/bom,
segundo pesquisa Datafolha.
FOLHA - O sr. é um ministeriável,
embora diga que quer cumprir seu
mandato na prefeitura até 2008.
Como economista, como avalia a
economia do país hoje?
FERNANDO PIMENTEL - Está em
um bom caminho. É o que o
presidente Lula falou na campanha: todas as pré-condições
para o Brasil crescer estão dadas. O que tem que fazer? A primeira coisa, que já está ficando
lugar-comum, mas tem que ser
repetido à exaustão, é que tem
que reduzir rapidamente a taxa
básica de juros.
FOLHA - Essa cobrança não deixa
na berlinda o presidente do BC?
PIMENTEL - Acho que o presidente do BC é suficientemente
preparado e inteligente para
perceber que o momento mudou e que a política monetária
tem que mudar. Agora, se os
seus diretores não concordarem com isso, então tem que
trocar. Mas vai trocar, porque o
mandato deles está vencendo
agora, dia 31 de dezembro. Então vai ter uma troca geral ali da
diretoria.
FOLHA - Acha que Meirelles fica?
PIMENTEL - Não sei. Isso aí compete ao presidente. Acho que
ele fez um bom trabalho no BC
nesses quatro anos. O sujeito
pode reclamar que o juros estão
muito altos, mas ele representou um ponto de equilíbrio
muito importante no governo.
Agora, ele é um homem adequado para ficar nesse novo
contexto? Não sei. De repente
pode ser ele, porque políticas
econômicas o sujeito pratica
outra, muda. Não está carimbado na testa dele que vai ser eterno defensor de juros elevados.
FOLHA - Se o sr. tivesse que apostar
na permanência do Mantega e do
Meirelles, diria que eles ficam?
PIMENTEL - É chato falar assim.
O Guido vai ficar, o presidente
já me falou. Ele disse para mim
que ia fazer aquela nota [sobre
Mantega] porque eu comentei
com ele que toda vez que vou a
Brasília fica a conversa de que
vou ser ministro [da Fazenda].
É desagradável. O Meirelles
não sei. É delicado porque o
presidente vai tomar essa decisão. Não quero também profetizar nada, não quero sugerir
nada, mas acho que a diretoria,
o corpo atual do BC, certamente não permanecerá. Porque o
mandato está terminando. O
Meirelles de repente fica: o presidente gosta dele, tem confiança nele e é grato, porque ele
teve um papel importante.
FOLHA - O PT está muito autocentrado?
PIMENTEL - O PT tem uma história que é muito dele. Criamos
o PT em plena ditadura, o PT
herdou uma grande herança
dos grupamentos clandestinos
da esquerda, da história da esquerda brasileira e mundial.
Não tenho nada contra isso, tenho até orgulho que tenha sido
assim. Mas acho que não deve
ser mais assim, porque mudou.
Daqui para frente, tem que
ser um outro partido. Acho que
tem que ser um partido de massas. É um partido que terá que
ter -já tem, mas que terá que
aprofundar isso- um profundo
compromisso com as transformações sociais, com a luta pela
igualdade social, pela via institucional, pela via republicana.
Portanto afastando qualquer
tentativa de comportamentos
extralegais.
FOLHA - Ou seja, sairiam de cena as
tendências do PT...
PIMENTEL - Elas podem até ficar
se se adaptarem a essa novidade. Quem tem que ter representatividade, quem tem que
ter mais voz no partido são as
pessoas que têm representação
institucional, que têm mandato, que têm voto, que têm responsabilidades com políticas
públicas de governo, não são os
militantes profissionais [leia
mais sobre a disputa no PT na
pág. A6]. É assim que a sociedade brasileira escolheu o caminho de transformar-se, de melhorar pela via democrática institucional. Ela não escolheu a
via da ruptura, ela não escolheu
a via revolucionária. É por isso
que Lula foi eleito e reeleito.
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