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Ministro já fala em CPMF como tributo permanente
Paulo Bernardo defende também redução gradativa da alíquota e reforma tributária
Mantega tentou colocar "panos quentes"; "Não se trata de tornar o imposto permanente, estamos apenas prorrogando", disse
SILVIO NAVARRO
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com os votos do PSDB já
contabilizados como seguros
para aprovar, no Senado, a
prorrogação da CPMF até 2011,
o ministro do Planejamento,
Paulo Bernardo, defendeu ontem que o tributo seja permanente, com redução gradativa
da alíquota nos próximos anos.
"Defendo manter a CPMF
como tributo permanente, com
redução das alíquotas. É preciso outra receita para acabar
com ela", afirmou, durante audiência que durou cerca de 6
horas ontem na Comissão de
Constituição e Justiça, da qual
também participaram Guido
Mantega (Fazenda) e José Gomes Temporão (Saúde).
O carro-chefe do pacote em
negociação é a proposta do governo de isentar da CPMF
quem ganha até R$ 1.642. O governo analisa mecanismos para
estender a isenção para quem
ganha acima dessa faixa salarial. "No caso de quem ganha
R$ 3.000, por exemplo, estudamos a possibilidade de abatimento no Imposto de Renda,
mas ainda estamos fazendo cálculos para saber o custo de uma
medida dessa."
Segundo ele, somente a isenção para quem recebe até
R$ 1.642 já beneficiaria de 80%
a 90% da população que está na
formalidade. Segundo a Receita, hoje cerca de 13% da população paga CPMF.
Questionado sobre os moldes desses cálculos, ele desconversou: "Essa proposta foi feita
ontem [anteontem], não tivemos tempo de fazer um levantamento, uma simulação."
Paulo Bernardo, em entrevista depois da audiência na
CCJ, atrelou a possibilidade de
tornar a cobrança permanente
à aprovação de uma reforma
tributária. "Na seqüência [depois da votação da emenda], vamos fazer uma discussão sobre
reforma tributária e seria a melhor opção manter [a CPMF] e
reduzir gradativamente a alíquota", afirmou.
A afirmação de Bernardo vai
contra a proposta inicial dos tucanos, que aceitavam prorrogar
a CPMF por mais um ano. O argumento de Mantega para vetar a alteração do tempo de vigência da CPMF é que forçaria
a volta da emenda à Câmara devido a alterações no texto.
Mantega tentou colocar "panos quentes". "Não se trata de
tornar o imposto permanente,
estamos apenas prorrogando."
O ministro da Fazenda se
comprometeu a oficializar na
próxima segunda-feira um pacote de medidas de desoneração ao PSDB. Também prometeu mandar, em um mês, o texto da reforma tributária.
Nos bastidores, o governo já
dá como certo o voto de ao menos 8 dos 13 senadores tucanos.
Irritação
A inclinação dos tucanos em
favor do governo irritou o
DEM. A relatora da proposta na
CCJ, Kátia Abreu (DEM-TO),
que defende a extinção da
CPMF, cobrou ontem do líder
do PSDB, Arthur Virgílio (AM),
uma posição clara.
"Não somos o mesmo partido, somos aliados, mas temos
personalidades políticas distintas", disse o tucano.
Mantega chegou a afirmar
haver "convergências programáticas" entre PT e PSDB na
questão tributária. "Não quero
falar em fusão dos dois partidos, mas comungamos princípios filosóficos na questão tributária", disse. Ele também
voltou a fazer ameaças.
"Além do risco da expectativa do mercado, temos o risco de
não cumprirmos nossa metas
fiscais, cortar profundamente
programas de investimentos e
programas sociais. (...) Vamos
acabar com o PAC do Saneamento e da Habitação."
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