|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONTAS PÚBLICAS
Projeto do governo sobre responsabilidade fiscal prevê "controle prévio" de orçamentos estaduais e municipais
Nova lei vai punir maus administradores
OSWALDO BUARIM JR.
da Sucursal de Brasília
O projeto de
lei complementar sobre responsabilidade
fiscal, em estudo no governo,
proporá um
"controle prévio" sobre despesas de Estados e
de municípios e a inelegibilidade
de maus administradores.
O secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Martus Tavares, disse que o governo quer
impor uma série de amarras para
prevenir o estouro dos gastos públicos, como um "gatilho" para
interromper despesas que comprometam as metas de equilíbrio
ou superávit das contas.
Estados e municípios que não
cumprirem suas metas serão atingidos também por sanções "institucionais", como suspensão de
repasses de verbas federais, corte
de crédito com bancos oficiais e
proibição de reajustes salariais e
de contratação de funcionários.
As restrições e constrangimentos legais que o governo federal
tentará colocar em lei, porém, vão
atingir também as contas da
União e poderão ser estendidas até
a empresas estatais.
O projeto está sendo feito pelo
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), órgão vinculado ao Ministério do Planejamento.
"Mas não há nada concluído;
ainda temos um mês para trabalhar", disse Martus Tavares. Na
sua opinião, a nova legislação será
como um código de conduta que
os administradores públicos deverão seguir.
Por ter um caráter permanente,
a lei não vai estabelecer números e
metas a serem atingidos, mas conceitos de como os orçamentos deverão ser preparados e cumpridos
tanto em âmbito federal quanto
estadual e municipal.
De acordo com esses conceitos,
os governos terão de montar orçamentos com metas crescentes de
superávit primário (receitas menos despesas, exceto gastos com
juros) para a estabilização da dívida em relação ao PIB (Produto Interno Bruto, soma da produção
anual do país).
Paralelamente a essas exigências, o governo vai propor a ampliação do prazo para que Estados
e municípios adaptem-se à Lei Camata, que limita despesas de pessoal a 60% das receitas líquidas.
O governo federal gasta menos
que isso, mas há vários Estados e
municípios que estão acima do limite. Pela proposta em estudo, a
redução do gasto que exceder a
60%, índice que deveria ser alcançado neste ano, poderá ser feita até
2000.
Nessa negociação com o Congresso para ampliar os controles
das contas de Estados e municípios, o governo já decidiu adiar o
envio da emenda constitucional
que prorroga o FEF (Fundo de Estabilização Fiscal).
O FEF, que vigora até o final de
99, desvincula 20% da arrecadação
federal, permitindo ao governo
maior margem de manobra do Orçamento.
A equipe econômica está propondo a prorrogação do fundo até
2006 e com desvinculação de 40%
da receita, mas o Congresso, os
governadores e os prefeitos alegam perdas de Estados e municípios na repartição de impostos determinada pela Constituição de 88.
O governo alega que os municípios só perdem com a retenção,
pela União, do Imposto de Renda
dos funcionários federais, que
atinge cerca de R$ 1,2 bilhão.
Outro R$ 1 bilhão que ficava integralmente com a União pelo adicional de 2,5% do Imposto de
Renda, criado pelo pacote 51 para
este e o próximo ano, será retirado
do FEF partir de 2000, segundo o
governo, minimizando as perdas
dos Estados e municípios.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|