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CASO TRT
Imagem de ex-juiz se entregando é questão de honra para o governo
Foto dificulta acordo com Nicolau
MALU GASPAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As negociações entre o governo
federal e os advogados de Nicolau
dos Santos Neto para a prisão do
ex-juiz tiveram novos lances durante os últimos dias, mas emperraram num impasse: a foto. Governo e aliados de Nicolau discordam sobre a possibilidade de o ex-juiz ser fotografado no momento
em que se entregar para a Polícia
Federal. Até agora, não há acordo.
Para o governo - e principalmente para o ministro José Gregori, da Justiça- , a foto é uma
"questão de honra". A prisão resolveria parte do desgaste que o
ministro -e a própria PF- vem
sofrendo. Para os advogados, representaria uma humilhação.
O governo também teme que,
caso concorde com a condição,
venha a ser acusado de estar privilegiando o ex-juiz, que é um dos
acusados pelo desvio de R$ 169
milhões da obra do TRT paulista.
Outras condições, como não ser
algemado, entregar-se à noite e ficar em cela especial, teriam sido
bem recebidas. O ministério avalia que não seria privilégio dar esses direitos a Nicolau, que tem
mais de 70 anos e curso superior.
A forma cautelosa como a negociação tem sido conduzida faz
com que os policiais que investigam o caso não estejam animados
com a possibilidade de que o ex-juiz se entregue. Em geral, os contatos são feitos com Gregori e só
são discutidos com a cúpula da
PF. O advogado do ex-juiz, Alberto Toron, afirmou à Folha que
não comentaria o assunto. "Tudo
o que eu tenho a dizer está no artigo que já publiquei sobre o caso
na própria Folha", disse. No artigo, ele diz que "nem no regime
militar se colocaram tantos cartazes com fotos de pessoas procuradas nos aeroportos como se fez
agora, em plena democracia".
Também nos últimos dias a PF
tem recebido dicas de pessoas
próximas a Nicolau, mas teme estar sendo despistada.
Segundo fontes da PF, contas de
Nicolau no exterior -principalmente a que alimenta o cartão de
crédito com o qual o ex-juiz comprou passagens aéreas em julho- estariam sendo monitoradas e, embora tenham saldo, estão
inalteradas.
Um outro problema que estaria
levando o ex-juiz a hesitar em se
entregar, segundo a Folha apurou, é a possibilidade de ele não
conseguir mais nenhum juiz que
lhe conceda habeas corpus. O
próprio juiz Casem Masloum,
que decretou a prisão preventiva
do juiz, já afirmou que não deverá
revertê-la.
No Ministério Público, cogita-se
a hipótese de indiciar, como cúmplice, a mulher de Nicolau, Maria
da Glória Bairão, que estaria
acompanhando o marido na fuga.
Assim, avaliam, aumentaria a
pressão entre os familiares para
que Nicolau se entregue.
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