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CRISE NO CARLISMO
Senador convence Benito Gama a não deixar o PFL por enquanto; outros pefelistas estão insatisfeitos
ACM tenta abafar crise em seu reduto
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA),
foi pessoalmente a Salvador tentar contornar a mais grave crise
do carlismo na Bahia, detonada
pela transferência de três deputados federais do PFL para o PMDB
e pela demissão, ontem, do secretário da Indústria e Comércio, Benito Gama.
"ACM é individualmente muito
forte, e a estrutura carlista, no momento, ainda é estável. No futuro,
não dá para avaliar", disse Benito
à Folha, deixando no ar que não
descarta sair do PFL. Depende de
seu espaço no partido.
A crise abre um processo de divisão interna no PFL baiano em
função da sucessão estadual em
2002, num momento em que
ACM está envolvido num conflito
nacional: a disputa pelas presidências da Câmara e do Senado,
que divide a base governista. O
PFL de um lado, o PMDB e o
PSDB de outro.
Além de Benito, outros políticos
de expressão -como o senador e
ex-governador Paulo Souto e o
deputado federal José Carlos Aleluia- estão insatisfeitos com
suas posições no esquema de poder do grupo. Eles não falam em
sair do PFL, mas reservadamente
têm criticado outros carlistas.
Benito Gama foi preterido como candidato a governador em
1994 para o hoje senador Paulo
Souto, e em 1998, para o deputado
Luís Eduardo Magalhães. Com a
morte deste, ACM preferiu bancar o nome de Cesar Borges, atual
governador. ACM se reuniu de
manhã a sós com Benito. De tarde, houve novo encontro, no Palácio de Ondina, com a presença
do governador. O principal líder
pefelista convenceu Benito a ficar,
por enquanto, no PFL.
O deputado, porém, condicionou sua decisão final à identificação do autor de uma carta anônima que circula fartamente em Salvador dizendo que ele está envolvido em grilagem de terra, recebeu propina da Ford da Bahia e
teria um helicóptero de US$ 2 milhões.
Ele nega tudo e desconfia que o
autor seja do próprio PFL: "Vamos aguardar. Se for do partido,
vamos ter problema", disse. Conforme a Folha apurou, uma das
suspeitas recai sobre o secretário
de Fazenda, Albérico Mascarenhas, ligado ao ministro de Minas
e Energia, Rodolpho Tourinho,
homem de confiança de ACM.
Ficou decidido entre ACM, Borges e Benito que a saída seria justificada como uma decisão pessoal
do secretário. Oficialmente, Benito passa o cargo a outro deputado
federal, Aroldo Cedraz (PFL-BA),
para voltar à Câmara: "Já havia falado com o governador que tinha
essa idéia e resolvi agora".
Além da saída do secretário, da
insatisfação de outros carlistas de
primeiro time e da mudança de
partido de três deputados federais
pefelistas, há outros sinais de que
a crise é feia. O deputado pefelista
José Lourenço está indeciso entre
o PMDB e o PSDB. E o pepebista
Yvonílton Gonçalves está com
um pé no PMDB.
Na guerra parlamentar com o
PMDB, ACM tentou dar o troco.
Anunciou ontem que dois deputados federais peemedebistas vão
ingressar no PFL: Pedro Irujo
(com quem já trocou graves acusações no passado) e Franscistônio Pinto.
Para ACM, a única solução poderá ser ele próprio se candidatar
ao governo da Bahia em 2002,
porque seria o único a não ser
contestado. Se não for ele, estará
deflagrada a disputa pelo seu espólio político, um dos maiores do
país.
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