São Paulo, sábado, 02 de dezembro de 2000

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CONTAS DA REELEIÇÃO
Segundo planilhas reveladas pela Folha, empresa teria doado R$ 150 mil, não declarados ao TSE
Dono da Vasp nega ter feito doação a FHC

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O empresário Wagner Canhedo, dono da companhia aérea Vasp, negou ter feito doações para a campanha de reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso em 1998.
Reportagem publicada pela Folha em 12 de novembro, com as contas paralelas da campanha, revelou um caixa-dois de R$ 10,120 milhões que inclui uma doação da Vasp no valor de R$ 150 mil.
A doação aparece numa planilha eletrônica cujo cabeçalho indica como autor Sergio Pereira, irmão do ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira, presidente do comitê financeiro da campanha.
A doação não consta dos registros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A assessoria da Vasp confirmou à Folha que a empresa contribuiu, sem precisar o valor.
Em depoimento aos procuradores Guilherme Schelb e Alexandre Camanho, do Ministério Público Federal em Brasília, ontem, ele declarou que as palavras de sua assessoria foram distorcidas.
O empresário disse que em 1998 foi procurado pelo ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira, que teria pedido sua colaboração, "alegando dificuldades no caixa da campanha do presidente Fernando Henrique Cardoso".
Canhedo negou ajuda a Bresser por conta de dificuldades financeiras enfrentadas por suas empresas naquele momento.
O encontro, segundo o depoimento, aconteceu no gabinete da presidência da Vasp. Pela lei, a empresa não pode fazer doações a campanhas políticas por ser permissionária de serviços públicos.
Segundo o procurador Schelb, a reunião não pode ser considerada um indício de atuação irregular de Bresser. "Canhedo tem várias outras empresas sem vínculos com o poder público, por meio das quais poderia ter contribuído", afirmou Schelb.
Quanto à campanha de 1994, Canhedo disse ter colaborado com "algo entre R$ 10 mil e R$ 15 mil" contra um recibo fornecido pelo comitê financeiro de FHC. Segundo ele, o valor foi doado "em nome pessoal" e "em espécie" a um representante da equipe de arrecadação cujo nome ele não lembrou no depoimento.
O banco de dados do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, que reproduz informações distribuídas pelo TSE, não tem registro de doações em nome de Wagner Canhedo para a campanha de FHC em 1994.
O empresário prometeu entregar ao MP o recibo e o nome de quem recebeu o dinheiro.
Ainda sobre a campanha de 1994, Canhedo disse que a colaboração lhe foi pedida pelo ex-senador José Richa (PSDB-PR).


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