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Maia se lança a 2006; Alckmin critica
FERNANDA KRAKOVICS
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O prefeito do Rio, Cesar Maia
(PFL), lançou ontem sua candidatura à Presidência. Incomodado
com o anúncio, o governador
paulista Geraldo Alckmin (PSDB)
disse que a iniciativa é "ruim".
Maia quer antecipar o debate
eleitoral para enfraquecer a candidatura à reeleição do presidente
Lula. Alckmin é contra: "A minha
posição pessoal é que não se deve
antecipar o debate. Acho ruim,
encurta o governo, prejudica a administração e atrapalha o Brasil".
Para Maia, as críticas feitas pelo
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a Lula já mostram
essa antecipação: "Temos que explicar porque o presidente Fernando Henrique Cardoso foi tão
incisivo em suas declarações,
usando expressões como "incompetência" e "tigre de papel". Uma
razão é que ele pode estar concordando com o PFL que, ou se antecipa esse processo [eleitoral], ou
vamos reeleger o presidente Lula.
A segunda razão é que ele pode
estar preocupado com as candidaturas potenciais do PSDB, porque elas têm uma suavidade litúrgica, e suavidade litúrgica não vai
derrotar o presidente Lula", disse.
Maia disse que o tucanato se enganou se pensou que o PFL iria esperar uma pré-candidatura do
PSDB para depois indicar um vice
e descartou a possibilidade de ser
vice de Alckmin: "Ninguém é
candidato a vice, isso não existe".
Insinuou ainda que o governador
paulista é hipócrita: "Existem
duas formas de fazer uma pré-candidatura. Uma é fazer e negar.
Isso é hipocrisia. A outra é fazer e
dizer que está fazendo. Isso é honestidade. Eu opto pela segunda".
Alckmin é nome forte no PSDB
para a Presidência em 2006, mas
nega ter aspirações ao Planalto.
"Não sou candidato e não vou colaborar para antecipar o debate
sucessório. Cada coisa tem seu
tempo. Não há razão para discutir
isso de forma extemporânea",
disse ontem na Câmara, após reunião com o presidente da Casa,
João Paulo Cunha (PT-SP). O tucano citou o filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1885-1955).
"Eu sou como Ortega y Gasset,
que disse: "Eu sou eu e minhas circunstâncias". O PFL tem suas circunstâncias e cabe a ele decidir se
é o momento apropriado para
lançar uma candidatura", disse.
O PFL deve formalizar a candidatura de Maia em reunião do Diretório Nacional, em Brasília, no
dia 16. "Se não abrirmos esse processo, a tendência do eleitor é, por
segurança, manter o que está,
mesmo com um governo medíocre, embora não seja um desastre,
como é o atual. Então a alternativa
tem que vir logo", afirmou Maia.
A estratégia do prefeito carioca
é tentar se consolidar nacionalmente e checar a viabilidade de
sua candidatura: "Todos os nomes que a oposição tem, com exceção do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, que é sempre
muito interrogante, ainda não
saíram de seu espaço regional".
Segundo o prefeito carioca, "a
oposição não tem candidato natural. Cada liderança existe num
espaço regional. Nessas eleições,
nós teremos três turnos. O primeiro, até março de 2006, é uma
fase classificatória para a oposição, e eu não vou fazer o estilo hipócrita. Alckmin tem até uma
chance maior, e eu seria o primeiro a endossar o nome dele. Mas eu
espero reciprocidade do PSDB."
Maia disse ainda que recebeu
"com emoção" as críticas feitas no
Rio de Janeiro ao pré-lançamento
de sua candidatura à Presidência
em 2006. "Me senti como D. Pedro 1º, com o povo pedindo fica,
fica, fica", declarou o pefelista.
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