São Paulo, quinta-feira, 02 de dezembro de 2004

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TODA MÍDIA

O dia seguinte

NELSON DE SÁ

A Globo ainda ecoava ontem o "presente de fim de ano para o Brasil", com os números do crescimento, quando dois protagonistas do próprio governo reiniciaram, por volta do meio-dia, as críticas à política econômica.
Segundo CBN e Globo Online, entre outros, o senador Aloizio Mercadante e o ministro Luiz Furlan "se reuniram e saíram atirando nas taxas de juros e na queda do dólar".
Para o ministro, "o Brasil não pode ser eternamente um país com juros altos". Para o senador, o câmbio "começa a dar sinais de preocupação em relação ao saldo comercial".
Algum tempo depois e novos números surgiram, em apoio à "legítima pressão", como Furlan qualificou a crítica.
O UOL destacou que o dólar "voltou a cair", atingindo "novo recorde de baixa no ano". E a Globo News deu em manchete que "a balança comercial teve em novembro o menor superávit em sete meses", por conta das importações.
Para o Jornal Nacional, "a queda do dólar, o crescimento da economia e a proximidade do Natal explicam o aumento das importações" e o "menor saldo desde abril".
 
Mas nem todos os números do dia seguinte ao "presente de fim de ano" foram de água fria para a equipe econômica.
Segundo os telejornais e canais de notícias, "o risco-país caiu aos menores níveis históricos", chegando a estar abaixo dos 400 pontos, "menor patamar desde 97". E o JN também deu em manchete:
- O preço internacional do petróleo despenca.

"A NOTÍCIA DO DIA"

Além do senador e do ministro, também a comentarista Míriam Leitão cobrou mais, pela manhã na Globo:
- É dia de comemorar. Mas é inevitável olhar para a frente e ver que é preciso mais investimento em infra-estrutura se o país quiser continuar crescendo.
O mesmo cobraram a Confederação Nacional da Indústria e o ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa, na Folha Online, sublinhando a urgência de acordo com o FMI sobre os investimentos em infra-estrutura.
Não demorou e a Globo News e o JN anunciavam:
- O FMI aceita excluir do superávit primário os investimentos em infra-estrutura.
Júlio de Almeida, diretor do Iedi, comemorou:
- É a grande notícia do dia. Essa questão do FMI vai permitir um refresco maior, liberar recursos do setor público para o investimento em infra-estrutura.
Mas também em infra-estrutura havia notícia em outra direção. Segundo a Band News e os sites, "a votação das Parcerias Público-Privadas ficou para a semana". E o diretor do Iedi desta vez não comemorou:
- É importante aprovar a PPP.

Globo News/Reprodução
OS DUELISTAS Lula e FHC, na Globo News e nas rádios, mas não no Jornal Nacional, seguiram em seu debate à distância, ontem. O atual presidente declarou que "tem muita gente que torceu para não dar certo". O ex-presidente declarou que no governo tem "muita incompetência, sobretudo nas áreas sociais"

Escravos urbanos
O outro correspondente do "New York Times" no Brasil, Todd Benson, adiantou reportagem ontem dizendo que, "em menos de dois anos do primeiro presidente "working-class", o governo já libertou mais escravos que nos oito anos anteriores". Mas a notícia era outra:
- A repressão fez pouco para conter os abusos em São Paulo, onde milhares de imigrantes trabalham e moram em condições de escravidão moderna.
São bolivianos e outros, no Bom Retiro, Brás, Pari.

Vida e violência
Subiu um pouco a expectativa de vida, mas a notícia era outra, ontem. Da manchete do Jornal Nacional, direto ao ponto:
- IBGE mostra como a violência dificulta a conquista de números melhores.

PIB e o PMDB
A aprovação da medida que dá status de ministro ao presidente do Banco Central "foi um teste em que o governo saiu vitorioso", avaliou Alexandre Garcia, na Globo, dizendo que foi efeito dos "números do PIB".
Ato contínuo, o ministro peemedebista Eunício Oliveira espalhava, em TV e sites, que o partido "não deve deixar a base no momento de excelentes indicadores de crescimento".

"Não ajuda"
O pefelista Cesar Maia abriu campanha presidencial, noticiavam ontem os canais de notícia e a Agência Nordeste. Ele "definiu o Nordeste como fundamental para a candidatura".
Quem não gostou foi o governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, para quem "isso não ajuda a governabilidade, não ajuda o país".


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