São Paulo, sábado, 02 de dezembro de 2006

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São Paulo pagou R$ 456 mi a 45 doadores de Alckmin

Credoras do governo paulista deram R$ 14 mi dos R$ 62 mi obtidos pela campanha

Além dos R$ 456,1 milhões já liquidados, existe ainda R$ 1,546 bi dos contratos com empreiteiras para fazer o trecho Sul do Rodoanel


CATIA SEABRA
MATHEUS PICHONELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Juntas, 45 colaboradoras da campanha de Geraldo Alckmin à Presidência são destinatárias de R$ 456,1 milhões dos cofres do Palácio dos Bandeirantes apenas neste ano. Cruzamento entre a prestação de contas do PSDB e a lista de fornecedores do Estado de São Paulo revela que pelo menos 45 doadoras estão entre os credores do governo estadual, comandado por Alckmin até março deste ano.
Somados ao contrato para o trecho Sul do Rodoanel, o total previsto para essas empresas superaria R$ 2 bilhões.
Essas empresas -entre elas empreiteiras, bancos e fornecedoras de equipamentos de segurança- contribuíram com R$ 14.478.968, correspondendo a 23% dos R$ 62 milhões arrecadados pelo comitê financeiro da campanha.
Além desses R$ 456,1 milhões já liquidados (cujo pagamento já foi autorizado) pelo governo, há ainda R$ 1,546 bilhão em contratos para a construção do trecho Sul do Rodoanel. Encarregadas da obra, as construtoras Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS, Mendes Júnior e Engevix estão entre os principais doadores da campanha.
A Andrade Gutierrez, por exemplo, contribuiu com R$ 1,5 milhão para a campanha de Alckmin. Neste ano, a empreiteira receberá R$ 15 milhões do Estado, segundo o orçamento registrado no Sigeo (sistema de acompanhamento dos gastos do Estado). O contrato do Rodoanel prevê R$ 492,9 milhões para a empreiteira.
O rol inclui da prestação de serviços bancários a quatro empresas especializadas em segurança. Fornecedora de peças em couro, a Fujiwara Equipamentos de Proteção Individual, por exemplo, é beneficiária de R$ 1,173 milhão em contratos com o governo do Estado. A empresa, com sede no Paraná, forneceu 35.900 pares de botas de cano curto para a Secretaria de Segurança Pública. Destinou R$ 300 mil à campanha tucana. Outra fornecedora de equipamentos de segurança, o grupo Bertin doou R$ 500 mil.
Realizado pela liderança do PT na Assembléia Legislativa a pedido da Folha, o levantamento se limita aos gastos previstos com a administração direta, excluindo as empresas sob o controle do Estado.
Registrados os gastos dessas empresas -de 2001 para cá- a lista de fornecedores que integram a relação de doadores seria maior, somando outro R$ 1,5 bilhão liberado.
Entre as empresas que contribuíram para a campanha, a Sadia venceu licitação para fornecer tiras empanadas e congeladas de carne de frango para merenda. Destinou à campanha R$ 500 mil.
Doadora de R$ 850 mil, a Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga foi contratada para fornecer combustíveis. A empresa possui contratos que somam R$ 22,5 milhões com o governo paulista.
O maior colaborador da campanha, com R$ 3,5 milhões, o banco Itaú recebeu R$ 7,2 milhões pelos serviços de arrecadação de tributos. Nesse total não estão contabilizadas as despesas com serviços prestados pelas outras empresas do grupo. Também encarregado por arrecadação e por seguro de imóveis, que somam R$ 2 milhões, o grupo Unibanco contribuiu com R$ 1,3 milhão. Doador de R$ 1,5 milhão, o Banco Real recebeu R$ 1 milhão por arrecadação e ainda por realizar trabalhos de restauração do patrimônio público em parceria com o Estado.


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