|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Partidarização de servidores públicos é nociva, diz Mendes
Presidente do STF também critica "independentismo" de juízes de 1ª instância
Para ministro, atuação de magistrados de 1º grau que não seguem jurisprudência acaba sobrecarregando
as instâncias superiores
Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
|
|
Gilmar Mendes (à frente) desvia de água jorrada de mangueira furada em evento no Pacaembu
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
THIAGO FARIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro
Gilmar Mendes, criticou ontem
a "partidarização" de servidores públicos, ao ser indagado
sobre as ligações entre policiais
e partidos políticos. Mendes
também declarou ontem que o
Poder Judiciário está sendo
afetado por um "independentismo" de juízes de primeira
instância, que não estariam seguindo as decisões do tribunais
superiores do país.
O tema do relacionamento
entre policiais e partidos veio à
tona na semana passada, quando o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa,
ao comentar a conduta do delegado Protógenes Queiroz nas
investigações da Operação Satiagraha, disse que "a área de
inteligência é muito sensível
para quem está com uma atuação ostensiva e já próxima da
questão partidária".
Após ser afastado da Satiagraha, Protógenes participou
de eventos de campanha do
PSOL nas eleições deste ano. A
PF abriu um procedimento disciplinar para apurar essa conduta do delegado.
Ontem Mendes participou
de dois eventos em São Paulo.
Na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o presidente do STF não se
referiu especificamente a Protógenes, mas disse que "o servidor público deve ser apartidário". "Já me pronunciei contra
aparelhamentos em relação a
determinados setores do funcionalismo. A partidarização,
em qualquer segmento do serviço público, em geral, é extremamente perigosa", afirmou.
Protógenes recebeu ontem
apoio de membros do PSOL em
um ato na Assembléia Legislativa de São Paulo. Eventos semelhantes já aconteceram em
Porto Alegre e Brasília.
Juízes
Mendes voltou a atacar os
juízes de primeira instância.
Segundo o ministro, muitos
magistrados de primeiro grau
estariam decidindo em desacordo com a jurisprudência do
STF e do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e, com isso, estariam sobrecarregando as instâncias superiores.
"É um independentismo que
leva a sentenças precárias, que,
sabem, mais tarde serão cassadas", disse o presidente do STF.
Mendes disse também que é
preciso discutir a aplicação das
prisões preventivas no país,
pois há um grande volume de
presos que já deveriam ter sido
julgados e até soltos. "Estamos
discutindo no Conselho [Nacional de Justiça] uma resolução para fazer um acompanhamento de modo a ter uma retificação eventual do fundamento da prisão preventiva", afirmou o magistrado.
Mendes criticou ainda a situação das penitenciárias do
país."Temos situações de uma
certa esquizofrenia institucional. No Maranhão, temos um
presídio em estado caótico. Há
recursos para construção de
um novo presídio. Porém, em
razão de desinteligências internas, a construção está suspensa", afirmou o ministro.
À tarde, Mendes participou
da abertura da Semana Nacional da Conciliação, no complexo esportivo do Pacaembu. O
evento é promovido pelas justiças federal, estadual e do trabalho em todo o país, com o objetivo de estimular a realização
de acordos judiciais. Em 2007,
foram realizadas no evento cerca de 227 mil audiências de
conciliação, que resultaram em
pouco mais de 96 mil acordos.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Frase Índice
|