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Berzoini reassume a presidência do PT
Deputado retoma cargo do qual se licenciou durante o caso dossiê e admite antecipar eleições internas; mandato vai até 2008
Valter Pomar, secretário de Relações Internacionais da sigla, diz que houve quebra de confiança e que decisão é ruim para o partido
DA ENVIADA A BRASÍLIA
Sob protesto de setores à esquerda do partido, o deputado
Ricardo Berzoini reassumiu
ontem a presidência do PT admitindo a redução de seu mandato, que se encerra em outubro do ano que vem.
Mas, como ele mesmo reconheceu que "é difícil" a antecipação das eleições internas, o
gesto foi encarado como uma
tentativa de neutralizar resistências à sua volta, garantindo
governabilidade.
Convocado para a primeira
semana de julho, o congresso
do PT deverá fixar a nova data
de eleição. Mas, como a nova
eleição representaria a dissolução de todos os diretórios do
partido e a destituição de 60
mil dirigentes, há dúvidas de
que a proposta seja aprovada.
"É desejável que haja uma
certa antecipação em função
das eleições municipais. Qual o
tamanho dessa antecipação é
um debate para o congresso.
Ele vai condicionar mandatos
de mais de 60 mil dirigentes
partidários em todo o país",
disse Berzoini, após afirmar
que defende a antecipação.
Berzoini teve que pedir licença da presidência do PT em
meio à crise do dossiê contra
tucanos. À época, ele admitiu
ter autorizado a busca de munição contra os adversários, mas
não a compra de informações.
O relatório da Polícia Federal
concluído em dezembro sobre
a origem do dinheiro para a
compra do dossiê não inclui
Berzoini entre os responsáveis.
Participaram da recondução
de Berzoini ao posto o presidente interino do PT até ontem, Marco Aurélio Garcia, e
mais cinco ministros. O encontro aconteceu em um restaurante mineiro de Brasília.
Hoje, seu aceno conforta os
que, como o ex-governador
Jorge Viana (AC), propõem a
antecipação. "Berzoini tem que
apresentar uma agenda ao partido", cobrou Viana.
Até o congresso, Berzoini ganharia tempo para reconquistar credibilidade no partido.
Mas, em carta enviada aos integrantes do Diretório Nacional,
o secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar,
diz que houve quebra de confiança. Na carta, Pomar disse
que a decisão "é ruim para o
PT". "Em primeiro lugar, porque sua presença na presidência facilitará a vida dos que insistem em colocar o PT nas páginas policiais", disse Pomar,
afirmando que "há indivíduos
que parecem querer instrumentalizar seu retorno à presidência, em favor de um grupo e
não em favor do partido".
Na carta, Pomar diz ter manifestado essa opinião a Berzoini.
"Não me compete informar de
que maneira Ricardo Berzoini
reagiu a cada uma dessas ponderações", disse Pomar.
(CÁTIA SEABRA)
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