São Paulo, quarta-feira, 03 de janeiro de 2007

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Berzoini reassume a presidência do PT

Deputado retoma cargo do qual se licenciou durante o caso dossiê e admite antecipar eleições internas; mandato vai até 2008

Valter Pomar, secretário de Relações Internacionais da sigla, diz que houve quebra de confiança e que decisão é ruim para o partido


DA ENVIADA A BRASÍLIA

Sob protesto de setores à esquerda do partido, o deputado Ricardo Berzoini reassumiu ontem a presidência do PT admitindo a redução de seu mandato, que se encerra em outubro do ano que vem.
Mas, como ele mesmo reconheceu que "é difícil" a antecipação das eleições internas, o gesto foi encarado como uma tentativa de neutralizar resistências à sua volta, garantindo governabilidade.
Convocado para a primeira semana de julho, o congresso do PT deverá fixar a nova data de eleição. Mas, como a nova eleição representaria a dissolução de todos os diretórios do partido e a destituição de 60 mil dirigentes, há dúvidas de que a proposta seja aprovada.
"É desejável que haja uma certa antecipação em função das eleições municipais. Qual o tamanho dessa antecipação é um debate para o congresso. Ele vai condicionar mandatos de mais de 60 mil dirigentes partidários em todo o país", disse Berzoini, após afirmar que defende a antecipação.
Berzoini teve que pedir licença da presidência do PT em meio à crise do dossiê contra tucanos. À época, ele admitiu ter autorizado a busca de munição contra os adversários, mas não a compra de informações. O relatório da Polícia Federal concluído em dezembro sobre a origem do dinheiro para a compra do dossiê não inclui Berzoini entre os responsáveis.
Participaram da recondução de Berzoini ao posto o presidente interino do PT até ontem, Marco Aurélio Garcia, e mais cinco ministros. O encontro aconteceu em um restaurante mineiro de Brasília.
Hoje, seu aceno conforta os que, como o ex-governador Jorge Viana (AC), propõem a antecipação. "Berzoini tem que apresentar uma agenda ao partido", cobrou Viana.
Até o congresso, Berzoini ganharia tempo para reconquistar credibilidade no partido. Mas, em carta enviada aos integrantes do Diretório Nacional, o secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, diz que houve quebra de confiança. Na carta, Pomar disse que a decisão "é ruim para o PT". "Em primeiro lugar, porque sua presença na presidência facilitará a vida dos que insistem em colocar o PT nas páginas policiais", disse Pomar, afirmando que "há indivíduos que parecem querer instrumentalizar seu retorno à presidência, em favor de um grupo e não em favor do partido".
Na carta, Pomar diz ter manifestado essa opinião a Berzoini. "Não me compete informar de que maneira Ricardo Berzoini reagiu a cada uma dessas ponderações", disse Pomar.
(CÁTIA SEABRA)


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