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ELIO GASPARI
Agora, falta o homem trabalhar
Lula não precisa reformar o país. Basta que tenha disposição para pegar no batente, de oito às cinco
RECOMEÇOU o lero-lero das reformas. Nosso Guia assumiu
o segundo mandato no ano
em que se celebra o 43º aniversário
do Comício das Reformas de João
Goulart e prometeu reformar as instituições nacionais. Um garoto que
foi ao comício de 1964 com 18 anos,
completará 61 em algum dia de
2007, tendo vivido sob sete moedas
e quatro constituições. Passou seis
anos sem direito a habeas corpus e
outros 28 sem votar para presidente. Pode-se dizer que penou cinco
reformas tributárias e outras cinco
da Previdência. Reformas, teve-as
todas.
O maior êxito do governo de Lula
foi o programa Bolsa Família. Não
decorreu de reforma alguma. O
mesmo se deu com o Prouni. A expansão do mercado de computadores para o andar de baixo resultou de
uma medida provisória. Foram iniciativas que demandaram vontade,
trabalho, caneta e tinta.
Olhando-se a questão no sentido
inverso, nenhum fracasso do comissariado decorreu da falta de reformas. Pelo contrário. O apagão aéreo
foi antecedido pela criação da Agência Nacional de Aviação Civil, transformada em porta-malas de petistas
pedestres. As estradas esburacadas
foram precedidas pela voracidade
tucana, que mudou a Constituição
para impor um imposto adicional
sobre o consumo de combustíveis.
Em 2005, esse tributo custou aos
contribuintes R$ 7,7 bilhões. Não foi
por falta de reformas, mas por falta
de princípios, que o comissariado
petista encheu as arcas delúbias em
2002. Tendo havido uma reforma
da lei eleitoral, os aloprados do PT
paulista mercadejaram dossiês com
malas de dinheiro.
O que falta ao governo de Lula não
é vontade de reformar o país. É disposição e competência para pegar
no batente, a sério, de oito da manhã
às cinco da tarde.
A parolagem de Nosso Guia em relação à segurança pública, por exemplo, é cópia do lero-lero tucano. Pode-se dar o nome que se queira às
ações da bandidagem no Rio de Janeiro e em São Paulo. Tanto faz chamá-las de "terrorismo" como de
"Maria Deocleciana". Não é nas palavras que estão o problema ou sua
solução. No Rio, por exemplo,
achou-se o ex-chefe da Polícia Civil
no subúrbio da criminalidade. Ele
foi eleito deputado estadual na bancada governista. Em São Paulo, a Polícia Federal, depois de uns poucos
dias, apaga as fitas com as imagens
do que ocorre nos corredores de sua
carceragem.
Falar em "terrorismo", como fez
Lula no improviso da praça dos Três
Poderes, pode afagar almas indignadas, mas nada além disso. Em 2000,
quando o bandido Chuvisco barbarizou no Morro da Congonha, o general Alberto Cardoso, ministro da
Segurança Institucional, classificou
o episódio de "terrorismo". Mais:
quando o MST invadiu a fazenda de
FFHH, o ministro da Reforma Agrária, Raul Jungmann, disse que se
praticara um "ato de terrorismo".
Subir o tom da parolagem não assusta bandido. A defesa da lei e da
ordem depende de dois fatores que
estão na alçada dos poderes Executivo e Judiciário estaduais. A saber:
1) O encarceramento de todos
aqueles que violam artigos do Código Penal que determinam a prisão
dos infratores.
2) A manutenção, na cadeia, de todos aqueles que a ela foram remetidos por violar a lei.
Fora daí, há espaço para conversa
fiada, mas não há resultado para
quem paga impostos.
Lula pediu que se votasse nele
com um slogan simples: "Deixa o
homem trabalhar".
Tudo bem: agora falta só trabalhar, depois das férias.
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