São Paulo, quarta-feira, 03 de janeiro de 2007

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Lula encomenda a auxiliares projeto de "Bolsa Jovem"

Presidente está insatisfeito com o desempenho de ações sociais do governo federal para a juventude em metrópoles

Oito ministros vão preparar medidas com foco nas regiões metropolitanas, onde o efeito de programas é menor que no interior


KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estuda uma novidade para a área social do segundo mandato: um programa com foco na juventude das grandes cidades. Seria uma espécie de "Bolsa Jovem", segundo palavras do presidente em conversas reservadas para dizer que deseja uma ação que emule o Bolsa Família, principal programa social do governo.
Na sexta passada, o presidente se reuniu no Palácio do Planalto com oito ministros para fazer um balanço da área social no primeiro mandato e uma avaliação dos rumos do setor.
No encontro, o presidente pediu que a equipe da área social apresente uma proposta de programa para as grandes e violentas regiões metropolitanas do país com foco nos jovens.
Na posse, Lula abordou a violência em seus dois discursos. Chegou a chamar de "terrorismo" os ataques recentes das facções criminosas no Rio de Janeiro e prometeu empenho da "mão forte do Estado".
Na reunião de sexta passada, ministros afirmaram que já está em curso um movimento de maior integração entre os programas sociais, inclusive de ações para a juventude.
Foi consensual na reunião a avaliação de que o impacto positivo dos programas sociais é menos sentido nas regiões metropolitanas do que nas cidades pequenas e médias.

"Disputar a molecada"
Em conversas reservadas, Lula tem afirmado que é preciso "disputar a molecada" com organizações criminosas como PCC (Primeiro Comando da Capital) e Comando Vermelho -respectivamente facções de São Paulo e do Rio. Ou seja, preparar ações sociais específicas para jovens das grandes periferias, os mais afetados pela falta de empregos e evasão escolar.
De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais 2006, elaborada pelo IBGE com base na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2005, houve aumento na taxa de desemprego da população entre 10 e 17 anos. Chegou a 21,5% contra 11,5% em 1995. No mesmo período, a taxa geral de desemprego no país passou de 6,1% para 9,3%. No grupo de 15 a 19 anos, a taxa em 2005 era ainda maior: 24,75%.
Baseada no censo de 2000 do IBGE, a Fundação Seade, entidade de pesquisa de São Paulo, verificou que 65% da população entre 15 e 19 anos vive na periferia das cidades. As taxas de desemprego e violência são altíssimas nesse grupo.
Em Cidade Tiradentes, bairro da periferia paulistana, a taxa de homicídio entre homens de 15 a 19 anos é de 292 por 100 mil habitantes. No Jardim Paulista, área nobre da capital, a relação cai para 13 por 100 mil.
No primeiro mandato, fracassou, por falta de interesse das empresas, o programa Primeiro Emprego, que subsidia a contratação de jovens.
O ProJovem, programa que dá ajuda financeira de R$ 100 mensais para jovens entre 18 e 24 anos terminar o ensino fundamental, é visto como insuficiente por Lula.
O presidente pediu aos auxiliares que fizessem planos nesse sentido e o apresentassem após o anúncio do pacote econômico e a reforma ministerial.


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