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Lula encomenda a auxiliares projeto de "Bolsa Jovem"
Presidente está insatisfeito com o desempenho de ações sociais do governo federal para a juventude em metrópoles
Oito ministros vão preparar medidas com foco nas regiões metropolitanas, onde o efeito de programas é menor que no interior
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estuda uma novidade
para a área social do segundo
mandato: um programa com
foco na juventude das grandes
cidades. Seria uma espécie de
"Bolsa Jovem", segundo palavras do presidente em conversas reservadas para dizer que
deseja uma ação que emule o
Bolsa Família, principal programa social do governo.
Na sexta passada, o presidente se reuniu no Palácio do Planalto com oito ministros para
fazer um balanço da área social
no primeiro mandato e uma
avaliação dos rumos do setor.
No encontro, o presidente
pediu que a equipe da área social apresente uma proposta de
programa para as grandes e violentas regiões metropolitanas
do país com foco nos jovens.
Na posse, Lula abordou a violência em seus dois discursos.
Chegou a chamar de "terrorismo" os ataques recentes das
facções criminosas no Rio de
Janeiro e prometeu empenho
da "mão forte do Estado".
Na reunião de sexta passada,
ministros afirmaram que já está em curso um movimento de
maior integração entre os programas sociais, inclusive de
ações para a juventude.
Foi consensual na reunião a
avaliação de que o impacto positivo dos programas sociais é
menos sentido nas regiões metropolitanas do que nas cidades
pequenas e médias.
"Disputar a molecada"
Em conversas reservadas,
Lula tem afirmado que é preciso "disputar a molecada" com
organizações criminosas como
PCC (Primeiro Comando da
Capital) e Comando Vermelho
-respectivamente facções de
São Paulo e do Rio. Ou seja, preparar ações sociais específicas
para jovens das grandes periferias, os mais afetados pela falta
de empregos e evasão escolar.
De acordo com a Síntese de
Indicadores Sociais 2006, elaborada pelo IBGE com base na
Pnad (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios) de
2005, houve aumento na taxa
de desemprego da população
entre 10 e 17 anos. Chegou a
21,5% contra 11,5% em 1995.
No mesmo período, a taxa geral
de desemprego no país passou
de 6,1% para 9,3%. No grupo de
15 a 19 anos, a taxa em 2005 era
ainda maior: 24,75%.
Baseada no censo de 2000 do
IBGE, a Fundação Seade, entidade de pesquisa de São Paulo,
verificou que 65% da população entre 15 e 19 anos vive na
periferia das cidades. As taxas
de desemprego e violência são
altíssimas nesse grupo.
Em Cidade Tiradentes, bairro da periferia paulistana, a taxa de homicídio entre homens
de 15 a 19 anos é de 292 por 100
mil habitantes. No Jardim Paulista, área nobre da capital, a relação cai para 13 por 100 mil.
No primeiro mandato, fracassou, por falta de interesse
das empresas, o programa Primeiro Emprego, que subsidia a
contratação de jovens.
O ProJovem, programa que
dá ajuda financeira de R$ 100
mensais para jovens entre 18 e
24 anos terminar o ensino fundamental, é visto como insuficiente por Lula.
O presidente pediu aos auxiliares que fizessem planos nesse sentido e o apresentassem
após o anúncio do pacote econômico e a reforma ministerial.
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