|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JANIO DE FREITAS
Auxiliares de Freud
O tempo de "três anos e meio" que Lula se dá ignora limite do mandato em vigor e entra pelo próximo mandato
|
O TERCEIRO mandato, a reforma política e a reforma eleitoral decaíram entre os assuntos prediletos, mas bem no último dia de 2007 reapareceu, de um
jeito sorrateiro, uma insinuação que
reaviva e une aqueles três temas indefinidos. Foi no último programa
de rádio "Café com o Presidente", na
manhã do dia 31, logo em seguida,
talvez significativamente, a esta referência de Lula à luta "para ganhar"
a Presidência: "A única razão pela
qual a gente briga para ganhar a Presidência da República é para a gente
poder executar algumas coisas em
que a gente acreditou a vida inteira".
Lembraria as "bravatas" ilusórias, se
Lula não citasse logo a idéia de "melhorar o Brasil", "diminuir a pobreza" e chegasse a este fecho muito
mais interessante: "melhorar substancialmente a educação neste país,
e tenho três anos e meio para fazer".
O subconsciente e os atos falhos
são domínios que o doutor Freud
precisa dividir, no caso, com José
Serra e Aécio Neves, entre outros
ainda não oferecidos à mesma citação. O tempo normal de que Lula
dispõe são três anos, 2008, 9 e 10. O
tempo de "três anos e meio" que Lula se dá ignora a limitação do mandato em vigor e vai pelo próximo
mandato presidencial adentro, já a
meio de 2011.
Para melhor
Os tumultos nos aeroportos não
se repetiram, tanto por medidas
preventivas, como por cautelas dos
passageiros, além do recurso providencial a outro transporte por
usuários habituais dos aviões nos
fins de ano. A soma de atrasos e
cancelamentos de vôos, porém,
continuou absurdamente alta, e
não por mau tempo: em torno de
um terço, um em cada três vôos da
programação/dia. As ameaças às
empresas, de multas e até perda da
licença de operação por causa de
atrasos neste semestre, preferem a
aplicação da autoridade às providências apropriadas. O problema
está atingindo todas as empresas, o
que sugere não decorrer só das respectivas (más?) administrações. O
que importa, portanto, é um levantamento minucioso das causas
principais, que envolveriam também procedimentos da Anac e condições da infra-estrutura nos aeroportos (para citar um exemplo:
com freqüência, os números de
guichês para despacho são insuficientes, enquanto outros estão fechados).
Quanto à indicação de horários,
objeto de notícia divulgada no final
do ano, e aqui comentada, a Infraero não deixará o serviço que faz em
complemento às informações dadas pelas companhias. Promete
tornar mais rigorosa a cobrança de
informações atualizadas e precisas
para os painéis, como convém.
A anulação
Repito uma frase da última coluna de 2007: "A Álvaro Uribe, presidente da Colômbia, não convém
acordos conseqüentes com as Farc:
é na exploração propagandística de
sua linha dura que Uribe, desejoso
confesso do terceiro mandato sucessivo, tem feito o seu capital político".
De uma nota emitida pelo comitê
parisiense pela libertação de Ingrid
Bettancourt, refém das Farc: "Uma
ação do exército colombiano seria
desastrosa para os reféns, e tememos que os militares tenham uma
estratégia sigilosa a respeito". A nota foi anterior à suspensão da entrega de outros três reféns.
Quando Uribe apareceu, sem ser
esperado, no aeroporto de Villavicencio onde a comissão internacional esperava pelos prometidos reféns, foi como se dissesse: "Vocês
viram que eu estava aqui, não podia
ter dado a ordem para o que aconteceu".
Mas nada pôde acontecer.
Texto Anterior: Bolsa: Governo faz transferência de renda condicionada Próximo Texto: Medida foi feita no "apagar das luzes", diz Marco Aurélio Índice
|