São Paulo, sábado, 03 de fevereiro de 2007

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Com Chinaglia, PT "majoritário" define rumo para eleições

Vitória na Câmara fortalece ala paulista; Campo Majoritário analisa cenário político em encontro neste final de semana

Ministro Tarso Genro quer criar grupo no Congresso em oposição à corrente, a quem culpa por mazelas da sigla


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A SÃO ROQUE (SP)

Robustecido pela vitória de Arlindo Chinaglia anteontem, o Campo Majoritário, tendência que controla o PT, inicia hoje, em São Roque (interior de SP), sua preparação para Congresso Nacional que o partido realizará este ano, o terceiro desde sua fundação em 1980.
O encontro, que começou ontem e vai até amanhã, tem caráter nacional, mas aglutina majoritariamente representantes das principais forças de São Paulo que estimularam a candidatura Chinaglia: Marta Suplicy, José Dirceu, João Paulo Cunha, José Genoino e Antonio Palocci.
Ainda que o novo presidente da Casa pertença à corrente Movimento PT, o grupo foi determinante na sua vitória. O sucesso dá novo fôlego para o grupo, enfraquecido após o escândalo do mensalão, tentar recuperar sua unidade e continuar dando as cartas dentro do partido, na disputa com o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) e com as correntes mais à esquerda da sigla.
Tarso, principal defensor da tese de refundação do PT e adversário natural dos paulistas, saiu menos fortalecido internamente da disputa na Câmara.
O ministro pretende liderar um novo grupo no partido, quase todo formado por petistas de fora de São Paulo, para se contrapor ao Campo no Congresso. Ele identifica na corrente a origem dos principais problemas do PT atualmente, entre eles as acusações de corrupção.
Se não comparecer ao encontro em São Roque, o ministro, uma espécie de dissidente do Campo Majoritário, deverá enviar um representante.
O triunfo de Chinaglia também deve influenciar cenários para as eleições de 2008 e 2010.
Estrelas do partido como os governadores Jaques Wagner (BA) e Marcelo Déda (SE) e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, sempre lembrados quando o assunto é a sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva, não se beneficiam do fortalecimento dos paulistas.
Já a ex-prefeita Marta Suplicy, cotada para um ministério, pode se utilizar da aproximação pontual com Dirceu e João Paulo para costurar um apoio à sua candidatura à prefeita em 2008.
João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara, deu uma demonstração de força na Casa com a vitória petista.


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