São Paulo, sábado, 03 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula pede empenho do Congresso para a aprovação do PAC

Em texto lido na abertura do ano legislativo, petista, que enviou Dilma como representante, diz que país será "canteiro de obras"

Em discurso, Renan, reeleito presidente do Senado, diz que o pacote econômico irá sofrer "aprimoramentos, reparos, correções e ajustes"


PEDRO DIAS LEITE
SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em sua mensagem anual ao Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu o empenho de deputados e senadores na aprovação do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e disse que o Brasil se transformará num "grande canteiro de obras de Norte a Sul". A resposta veio em seguida. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou em discurso que o pacote sofrerá "aprimoramentos, correções, reparos e ajustes".
Recém-eleito após uma disputa que dividiu a base do governo, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), adotou tom mais conciliatório e prometeu trabalhar "a partir dos próximos dias" para negociar as votações sobre o pacote.
O deputado já havia anunciado antes a criação de uma comissão para tratar exclusivamente do PAC. "A Câmara passará a trabalhar no sentido de tornar operacional o plano, buscando a conciliação de múltiplos interesses, expressos pela representação popular."
Lula estava em São Paulo e não foi ao Congresso. Enviou a mensagem por meio da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, não por coincidência a "gerente do PAC". No texto, o petista disse que o programa "depende do discernimento soberano deste Congresso para se tornar a agenda da nação".
Dilma repetiu em entrevista na saída do Congresso o tom impresso por Lula. "Espero que o Congresso dê sua contribuição. É um projeto muito importante para o país. E, sem a colaboração de todos os Poderes, o PAC não terá o resultado que esperamos", disse. "Toda atividade do Congresso é negociável. O que não está em negociação é o espaço fiscal do PAC, porque ele é um só."

Ausências seguidas
A mensagem ao Congresso deveria ser um dos momentos mais importantes do ano. Como ocorre nos Estados Unidos com o "Discurso sobre o Estado da União", é nesse momento que o presidente faz um balanço e traça um rumo para o futuro. A única vez em que Lula foi ao Legislativo para entregar a mensagem foi em 2003.
Ontem, o discurso de Lula ressaltou o que o governo considera as grandes conquistas do primeiro mandato -a manutenção da estabilidade econômica e a diminuição da desigualdade social- e citou os principais objetivos do segundo: o crescimento econômico e a redução da miséria.
"O PAC é o passo seguinte da história. Trata-se de implantar um novo padrão de crescimento. O Brasil pode, deve e vai dobrar a aposta no seu desenvolvimento", disse Lula, que pressionou, indiretamente, o Banco Central. "As condições estão dadas: as taxas de juros podem e devem seguir em trajetória firme de queda."
Preocupado com os sinais de um afrouxo fiscal, quis deixar clara a preocupação com a estabilidade econômica. "O controle da inflação e a estabilidade constituem ingredientes intrínsecos à meta-síntese desse programa. A "Brasília" de nossa geração é a justiça social. Crescer com estabilidade e democracia é o alicerce dessa arquitetura." O discurso foi escrito pelo secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, e depois revisado por Lula. Foi lido pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). A abertura da 53ª Legislatura foi marcada por um grande quórum. A maioria dos presentes teve de acompanhar a cerimônia, que durou cerca de uma hora e meia, em pé.


Texto Anterior: Troca: Collor filia-se ao PTB com o apoio de Jefferson
Próximo Texto: Convite: "Precisamos conversar", diz Lula para Serra em SP
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.