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Filhos de casal da Renascer são investigados
Com genro, os três são acusados de serem servidores "fantasmas" do bispo Gê pela Assembléia paulista
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Apontados como funcionários fantasmas, dois filhos e um
genro do casal Estevam e Sonia
Hernandes, fundadores da
igreja Renascer em Cristo, estão sob investigação na Corregedoria da Assembléia Legislativa de São Paulo.
O filho mais velho do casal,
Felippe Daniel Hernandes, conhecido nos programas de TV
da Renascer como bispo Tide,
foi nomeado assessor técnico
do deputado estadual Geraldo
Tenuta (PFL), o bispo Gê, em
junho de 2004.
Permaneceu apenas oito meses no cargo de confiança, período em que embolsou aproximadamente de R$ 61 mil em salários, além de gratificações.
O bispo Tide nunca trabalhou na Assembléia, afirmaram
funcionários da Casa, lotados
em gabinetes vizinhos.
Os servidores dizem ainda
desconhecer a filha dos fundadores da Renascer, Fernanda
Hernandes Rasmussen, que,
segundo o Diário Oficial, trabalhou no gabinete do bispo Gê,
de fevereiro de 2005 a setembro de 2006. Ela tinha um salário de R$ 5.754.
O marido dela, o ex-modelo
Douglas Adriano Rasmussen,
apesar de ainda estar lotado no
gabinete do deputado, é outro
desconhecido. Rasmussen foi
nomeado em março de 2003 e
recebe salário de R$ 7.412.
Os três trabalham diariamente na TV Gospel, controlada pela Renascer.
O corregedor da Assembléia
Legislativa, deputado Romeu
Tuma (PMDB), enviou ontem
um ofício ao bispo Gê pedindo
explicações sobre os supostos
funcionários fantasmas.
Após uma sindicância, Tuma
poderá encaminhar o caso para
o Ministério Público ou para o
conselho de ética.
O bispo Gê não foi localizado
ontem pela reportagem. O gabinete dele na Assembléia Legislativa permaneceu trancado
e vazio durante todo o dia. O celular do parlamentar estava
desligado.
O advogado Luiz Flávio Borges D'Urso, que defende a família Hernandes no Brasil, afirmou que irá se manifestar apenas depois de estudar o caso.
Sem sigilo
Ontem, o Gaeco, grupo especial de investigação do Ministério Público de São Paulo, pediu
ao juiz Paulo Rossi, da 1ª Vara
Criminal, o fim do sigilo decretado no processo criminal.
Segundo a Promotoria, o segredo tem inviabilizado a colaboração de outros organismos
na investigação, como da Receita Federal.
Estevam, Sonia, os dois filhos, o genro e outras três pessoas respondem na Justiça pelos crimes de lavagem de dinheiro e de estelionato praticado por quadrilha criminosa.
Neste processo, o juiz decretou a prisão preventiva do casal, que está preso nos Estados
Unidos desde o dia 9 de janeiro,
quando tentaram entrar em
território norte-americano
com dólares não declarados no
setor de alfândega daquele país.
Hoje os dois estão em prisão
domiciliar e são vigiados 24 horas de forma eletrônica por
meio de um chip preso ao tornozelo. Não podem sair da casa
deles em Boca Ratón, Flórida
-que está bloqueada pela Justiça brasileira.
D'Urso afirmou que não concorda com o fim do sigilo do
processo.
"Depois de todo esse elenco
de provas os promotores querem derrubar o sigilo? Não tem
sentido. Agora é que se justifica
o sigilo. A vida privada do casal
deve ser respeitada", afirmou.
O advogado recorreu ontem
ao STJ (Superior Tribunal de
Justiça) pedindo a suspensão,
em caráter liminar (urgente e
provisório), da ordem de prisão
preventiva decretada contra
seus clientes.
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