São Paulo, sábado, 03 de fevereiro de 2007

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Filhos de casal da Renascer são investigados

Com genro, os três são acusados de serem servidores "fantasmas" do bispo Gê pela Assembléia paulista

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Apontados como funcionários fantasmas, dois filhos e um genro do casal Estevam e Sonia Hernandes, fundadores da igreja Renascer em Cristo, estão sob investigação na Corregedoria da Assembléia Legislativa de São Paulo.
O filho mais velho do casal, Felippe Daniel Hernandes, conhecido nos programas de TV da Renascer como bispo Tide, foi nomeado assessor técnico do deputado estadual Geraldo Tenuta (PFL), o bispo Gê, em junho de 2004.
Permaneceu apenas oito meses no cargo de confiança, período em que embolsou aproximadamente de R$ 61 mil em salários, além de gratificações.
O bispo Tide nunca trabalhou na Assembléia, afirmaram funcionários da Casa, lotados em gabinetes vizinhos.
Os servidores dizem ainda desconhecer a filha dos fundadores da Renascer, Fernanda Hernandes Rasmussen, que, segundo o Diário Oficial, trabalhou no gabinete do bispo Gê, de fevereiro de 2005 a setembro de 2006. Ela tinha um salário de R$ 5.754.
O marido dela, o ex-modelo Douglas Adriano Rasmussen, apesar de ainda estar lotado no gabinete do deputado, é outro desconhecido. Rasmussen foi nomeado em março de 2003 e recebe salário de R$ 7.412.
Os três trabalham diariamente na TV Gospel, controlada pela Renascer.
O corregedor da Assembléia Legislativa, deputado Romeu Tuma (PMDB), enviou ontem um ofício ao bispo Gê pedindo explicações sobre os supostos funcionários fantasmas.
Após uma sindicância, Tuma poderá encaminhar o caso para o Ministério Público ou para o conselho de ética.
O bispo Gê não foi localizado ontem pela reportagem. O gabinete dele na Assembléia Legislativa permaneceu trancado e vazio durante todo o dia. O celular do parlamentar estava desligado.
O advogado Luiz Flávio Borges D'Urso, que defende a família Hernandes no Brasil, afirmou que irá se manifestar apenas depois de estudar o caso.

Sem sigilo
Ontem, o Gaeco, grupo especial de investigação do Ministério Público de São Paulo, pediu ao juiz Paulo Rossi, da 1ª Vara Criminal, o fim do sigilo decretado no processo criminal.
Segundo a Promotoria, o segredo tem inviabilizado a colaboração de outros organismos na investigação, como da Receita Federal.
Estevam, Sonia, os dois filhos, o genro e outras três pessoas respondem na Justiça pelos crimes de lavagem de dinheiro e de estelionato praticado por quadrilha criminosa.
Neste processo, o juiz decretou a prisão preventiva do casal, que está preso nos Estados Unidos desde o dia 9 de janeiro, quando tentaram entrar em território norte-americano com dólares não declarados no setor de alfândega daquele país.
Hoje os dois estão em prisão domiciliar e são vigiados 24 horas de forma eletrônica por meio de um chip preso ao tornozelo. Não podem sair da casa deles em Boca Ratón, Flórida -que está bloqueada pela Justiça brasileira.
D'Urso afirmou que não concorda com o fim do sigilo do processo.
"Depois de todo esse elenco de provas os promotores querem derrubar o sigilo? Não tem sentido. Agora é que se justifica o sigilo. A vida privada do casal deve ser respeitada", afirmou.
O advogado recorreu ontem ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) pedindo a suspensão, em caráter liminar (urgente e provisório), da ordem de prisão preventiva decretada contra seus clientes.


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