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TCE-SP pagou funcionários para presidente
Ainda hoje vinculado ao tribunal, nutricionista cuidava do pai de Eduardo Bittencourt, investigado por supostas contas ilegais nos EUA
Outro funcionário recebia pelo TCE, mas atuava como secretário particular de Bittencourt, que não
quis comentar o assunto
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Tribunal de
Contas do Estado de São Paulo,
Eduardo Bittencourt Carvalho,
investigado por supostas contas bancárias ilegais nos EUA,
usou o órgão para pagar funcionários particulares. Um deles,
ainda hoje vinculado ao TCE,
cuidava do pai do conselheiro.
Em 1995, o nutricionista Petrúcio Gomes da Silva, 55, foi
nomeado como agente de segurança e fiscalização do tribunal.
O trabalho real, no entanto, era
cuidar do pai do conselheiro,
Waldemar Bittencourt de Carvalho, que morreu há cerca de
cinco anos aos 91 anos de idade.
Em entrevista gravada, Silva
disse à Folha que, durante sete
anos, ficou dia e noite ao lado
de Waldemar. "Eu trabalhava
24 horas, sem feriado nem sábado nem domingo." O nutricionista ainda recebe pelo tribunal, mesmo sem trabalhar.
"Ganho R$ 1.800 líquidos
por mês, é um salário mixo,
mal dá para me sustentar", disse Silva, que mora de graça em
uma casa de Bittencourt. Sobre
o fato de não ir ao TCE, afirmou fazer "trabalho externo".
Ruy Imparato, 68, foi secretário particular de Bittencourt
por pelo menos dez anos. Ele
também foi pago pelo TCE. A
nomeação como auxiliar de gabinete foi publicada no "Diário
Oficial" de 14 abril de 1991.
"Eu não exercia as funções
do cargo. Ficava na casa do
Eduardo, prestava serviço pessoal para ele e a família, pagava
escola, dentista, médico, coisas
assim", disse à Promotoria.
No depoimento, Imparato
citou o nutricionista como outro caso de pagamento indevido pelo TCE. "Durante muitos
anos, Petrúcio recebeu dinheiro dos cofres públicos estaduais, mas prestou serviços
particulares a Bittencourt."
Laranja
O Ministério Público de São
Paulo investiga a possibilidade
de Bittencourt ter usado o pai
Waldemar como eventual laranja. Segundo o nutricionista
e o ex-secretário, a pedido de
Bittencourt, o pai assinava inúmeros cheques e documentos.
"Ele não tinha muita capacidade de discernimento, estava
bem velho. Quando assinava,
não tinha muita consciência,
não. O filho mandava e ele concordava. Bittencourt era filho
único", afirmou o nutricionista.
O ex-acompanhante disse
ainda que estranhava a prática.
Segundo ele, se não era Bittencourt, era algum motorista que
levava os papéis. "Era estranho
porque o pai dele não era rico",
afirmou. "O pai se aposentou
como fiscal do café do porto de
Santos e a mãe, que era muito
trabalhadora, era doméstica. E
o pai reclamava, dizia que não
agüentava mais assinar tantos
cheques." O ex-secretário particular de Bittencourt também
afirmou, em depoimento, que,
"até sua morte, Waldemar foi
laranja de Bittencourt, pois
muitos bens foram transferidos para o nome dele".
O Ministério Público recebeu o número de uma conta
corrente e de uma poupança
que supostamente pertenciam
ao pai de Bittencourt. "Waldemar não era uma pessoa rica,
como poderá demonstrar a movimentação das referidas contas", afirmou o ex-secretário.
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