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CAIXA DOIS
Polícia recebe nova denúncia sobre Furnas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma testemunha encaminhada
à Polícia Federal pelo deputado
distrital Augusto Carvalho (PPS)
revelou ontem, em depoimento
aos policiais, a existência de um
suposto esquema de pagamento
de caixa dois para políticos e diretores das companhias elétricas
Furnas e Cemig.
A testemunha diz ser um ex-funcionário da Toshiba, empresa
de origem japonesa que fabrica
componentes para o setor elétrico
e que participaria do "clube" de financiadores do caixa dois. A rede
de arrecadação e distribuição de
dinheiro seria administrada pelo
ex-diretor de Engenharia de Furnas Dimas Toledo.
A Polícia Federal e a CPI dos
Correios investigam um suposto
caixa dois em Furnas, descrito em
um dos 12 depoimentos que o lobista Nilton Monteiro prestou à
PF. Ele entregou aos policiais uma
lista, cuja autoria é atribuída a Dimas Toledo, com a relação de 156
políticos beneficiários de um caixa dois de R$ 40 milhões instalado
em Furnas e comandado pelo seu
ex-diretor de Engenharia.
A Folha não conseguiu contato
ontem à noite com a Toshiba. Nos
telefones que constam no site da
empresa na internet ninguém
atendeu. Representantes de Furnas e da Cemig também não foram encontrados.
Advogado de Toledo, Rogério
Marcolini declarou, por meio de
sua assessoria, que, "por não ter
sido informado nem do nome
deste depoente e nem ter tido
acesso ao depoimento, não vai se
manifestar sobre o assunto".
O deputado Augusto Carvalho
negocia proteção policial à testemunha, que, segundo ele, teria
mais detalhes do funcionamento
do caixa dois a fornecer.
O suposto ex-funcionário da
Toshiba, cujo nome Augusto Carvalho manteve em sigilo e a PF
não revelou, teria entregue ao deputado cópias de notas fiscais
frias supostamente usadas para
lastrear a saída de dinheiro de caixa dois para Furnas e Cemig. Parte dessas notas teriam sido emitidas em Contagem (MG).
Segundo a testemunha, que trabalhava no setor de auditoria da
Toshiba e deixou a empresa em
2004 (Carvalho não revelou os
motivos da saída do funcionário),
os mecanismos utilizados pelo
grupo para desviar o dinheiro seriam por meio da contratação de
serviços de "consultoria".
A empresa doadora embutiria
no valor de seus contratos com as
companhias públicas as despesas
com pagamento de uma empresa
especialmente contratada para
fornecer "consultoria" em um determinado negócio firmado entre
a "contribuinte" e as elétricas.
Sem lastro em serviços reais
prestados, as notas dadas pelas
consultorias seriam frias. Prestavam-se a fechar a contabilidade
das doadoras do caixa dois e permitir o fluxo do dinheiro ilegal.
Segundo a testemunha, em uma
ocasião, em meio a negócios relacionados ao subsertor de termelétricas, Toledo teria cobrado uma
propina de US$ 5 milhões. Questionado sobre o sucesso da negociação, o ex-funcionário da Toshiba disse não ter informações a
respeito. O depoimento foi incorporado ao inquérito que investiga
irregularidades em Furnas.
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