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Procuradoria pretende denunciar governador de Alagoas ao STJ
Teotonio Vilela Filho deve ser incluído na denúncia relativa à Operação Navalha por suposta prática de corrupção; acusação contra governador do MA é certa
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Procuradoria Geral da República pretende denunciar ao
STJ (Superior Tribunal de Justiça), entre outras autoridades,
o governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB), por
suposta prática dos crimes de
corrupção e peculato (desvio de
dinheiro público), segundo a
Folha apurou.
A denúncia é resultado das
apurações relacionadas à investigação da Polícia Federal
batizada de Operação Navalha,
ocorrida em maio de 2007.
Pesa contra o tucano a acusação de ter recebido R$ 150 mil
por intermédio de Enéas Alencastro, representante do governo de Alagoas em Brasília. O dinheiro seria pagamento de propina do empreiteiro Zuleido
Veras, dono da Gautama e
apontado como chefe de um esquema de fraude a licitações.
Em 23 de março de 2007, Zuleido se encontra com Enéas
em Maceió na chamada Casa
Amarela, um escritório político
do tucano, conforme dados colhidos pela PF e reunidos em
documento obtido pela Folha.
Os documentos incluem ordem cronológica de acontecimentos, associam personagens
à reprodução de compromissos
de agendas, saques na rede
bancária, viagens e imagens de
encontros, além de conteúdo
de escutas telefônicas. Ao
acompanhar a seqüência de
eventos que antecederam o encontro, a PF aponta o saque de
dinheiro, o encontro e os diálogos em que Zuleido diz a Enéas
que "o governo é de Teo".
A denúncia, preparada pelas
subprocuradoras Lindôra
Araújo e Célia Regina, por delegação do procurador-geral da
República, Antonio Fernando
Souza, traz a certeza de que
Enéas Alencastro cometeu crime de corrupção, por conta da
seqüência de conversas telefônicas, encontros, liberação de
verba e obras em Alagoas, segundo apuração da Folha. A
denúncia pode ser apresentada
ao STJ ainda nesta semana.
Também certa é a acusação
por corrupção e peculato do
governador do Maranhão
Jackson Lago, que teria recebido propina para atuar em favor
dos interesses da Gautama,
tendo como intermediários os
sobrinhos Alexandre Maia Lago e Francisco Paula Lima Júnior. Eles negam.
Segundo investigação da PF,
os sobrinhos teriam recebido
R$ 240 mil em propina, também para favorecer negócios
da Gautama, de Zuleido Veras.
A PF registra como ganho direto que Lago teria recebido
como presente do grupo criminoso, conforme consta de escutas telefônicas, um veículo Citroën. O carro foi fotografado
pelos policiais e incluído no relatório encaminhado ao Ministério Público. Valor do bem: R$
110 mil. O governador nega a
relação com os episódios.
A tendência, porém, é que a
Assembléia Legislativa do Maranhão não autorize a abertura
de processo penal contra seu
governador, ainda que essa venha a ser a decisão do STJ.
Ainda na investigação referente ao Maranhão, constará
da denúncia, também como colaborador do empreiteiro Zuleido Veras, o ex-governador
do Estado José Reinaldo Tavares (PSB). Foi o que se mostrou
mais indignado em maio, quando a Navalha levou 47 pessoas à
prisão da PF em Brasília.
Piauí
No que diz respeito a autoridades envolvidas no esquema,
há dúvidas ainda quanto a
eventual participação do governador reeleito do Piauí, o petista Wellington Dias.
As subprocuradoras Lindôra
e Célia avaliam se Wellington
Dias teria ou não alguma participação em irregularidades detectadas no programa.
A margem de ganho estaria,
conforme consta das análise
apresentadas, na subcontratação de empresas. Zuleido cobrava do poder público entre
R$ 24 e R$ 140, mas pagava ao
subcontratado, algumas vezes,
apenas R$ 10 por cada ponto
executado.
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