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Madeireiras e carvoarias são multadas em R$ 1,5 milhão
Operação na Amazônia Legal recolhe ainda 4.000 toras de origem não identificada
Sindicato das Madeireiras vai recorrer contra multas; advogado diz que Ibama usa "chutômetro" na medição e que fiscais se equivocam
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TAILÂNDIA (PA)
Em cinco dias de operações,
as forças federais que combatem o desmatamento e o comércio clandestino de madeira
na Amazônia Legal apreenderam cerca de 4.000 toras -
quantidade suficiente para lotar 287 caminhões- e aplicaram R$ 1,5 milhão em multas
contra três madeireiras e cinco
carvoarias de Tailândia (218
km de Belém), no Pará.
Os fiscais do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis) destruíram ainda 98
fornos de carvão e apreenderam dois tratores e 12 motosserras usados pelas empresas.
Parte das toras apreendidas
foi encontrada escondida sob
montes de serragem ou jogada
no mato, a cerca de 30 quilômetros da cidade. A quantidade de
madeira recolhida foi avaliada
em R$ 1,5 milhão.
A origem das toras ainda não
foi identificada. Há suspeita de
que elas tenham sido extraídas
de regiões de preservação ambiental permanente, de reservas indígenas ou de áreas vizinhas a assentamentos.
Na fiscalização, foram achados indícios do uso de mão-de-obra irregular pelas carvoarias
e madeireiras. As empresas
manteriam funcionários trabalhando sem carteira assinada e
em más condições.
Para o coordenador de fiscalização do Ibama em Tailândia,
Bruno Versiani dos Anjos, a
primeira semana da operação
Arco de Fogo, como foi batizada a ação, foi "positiva", apesar
dos problemas enfrentados pelas forças federais nos primeiros dias de trabalho.
No primeiro dia de operação
conjunta da Polícia Federal,
Força Nacional de Segurança e
Ibama, o número de fiscais foi
pequeno para medir com rapidez as toras estocadas pelas
madeireiras de Tailândia.
No dia seguinte, houve problemas de estratégia, e um
comboio formado por 13 carros
percorreu em vão 16 quilômetros de estrada de terra, na tentativa de localizar uma carga de
madeira ilegal supostamente
transportada por balsa.
"Como acontece em qualquer operação ou qualquer
agrupamento humano com
grande número de pessoas, é
[preciso] ajustar o diálogo", disse Anjos. "As instituições, muitas vezes têm objetivos diferentes e [isso] tem que ser ajustado
para se chegar a um denominador comum", afirmou.
O número de fiscais do Ibama aumentou de 12 para 30. A
Sema (Secretaria Estadual do
Meio Ambiente) cedeu ainda
mais dez servidores para reforçar a operação. "Esta semana
vamos intensificar os trabalhos, pois na primeira semana,
apesar de ter sido bom, gastamos muito tempo para resolver
os problemas iniciais."
O advogado do Sindimata
(Sindicato das Indústrias Madeireiras de Tailândia), Christian Bomm, disse que a entidade vai recorrer contra as multas, os embargos e as apreensões feitas nas empresas.
"Houve um procedimento no
mínimo equivocado dos fiscais", afirmou. "A medição da
madeira, feita por estimativa e
média ponderada, no "chutômetro", é um procedimento nulo e viciado", declarou.
Segundo o advogado, a defesa
tentará anular os autos de infração para obrigar o governo a
devolver a madeira apreendida.
Bomm também não descartou
a possibilidade de recorrer à
Justiça para buscar "reparação
por perdas e danos".
A repórter-fotográfica MARLENE BERGAMO
sobrevoou Tailândia num helicóptero do Ibama
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