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CONGRESSO
Sarney tira do STF ação para aprovar PEC dos Vereadores
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
O presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), decidiu retirar do STF (Supremo Tribunal Federal) a ação
que pretendia forçar a Câmara dos Deputados a promulgar a emenda que cria 7.343
cargos de vereadores no país,
projeto aprovado no fim do
ano passado que ficou conhecido como "a farra dos
vereadores".
Com isso, a proposta volta
a tramitar normalmente na
Câmara, sem prazo para ser
aprovada. A iniciativa de Sarney impede que os suplentes
de vereadores eleitos em outubro tomem posse ainda
nesta legislatura. Ontem, um
grupo deles protestou para
pressionar o presidente da
Câmara, Michel Temer
(PMDB-SP), a promulgar
imediatamente a medida.
Corte de gastos
A emenda foi aprovada pelos deputados em maio do
ano passado. Ela previa que
os cargos seriam criados sob
a condição de um corte de
gastos dos Legislativos municipais, com redução do teto
do repasse dos recursos das
prefeituras para as Câmaras.
Os orçamentos dos Legislativos municipais correspondem a 8% da receita dos
municípios. A Câmara reduziu o percentual para 4,5%. A
economia estimada seria de
R$ 1,5 bilhão por ano.
Esse artigo, no entanto, foi
retirado do texto ao longo da
tramitação no Senado sob o
argumento de que seria analisado em outra oportunidade, por meio de nova emenda
constitucional.
A proposta voltou para a
Câmara, mas o ex-presidente
da Casa Arlindo Chinaglia
(PT-SP) se recusou a promulgar a lei. Ele argumentava que ela fora modificada e
que ele não poderia trair uma
decisão dos deputados, que
aprovaram o aumento de vereadores condicionado à redução das despesas.
O então presidente do Senado, Garibaldi Alves
(PMDB-RN), decidiu recorrer ao STF para obrigar a Câmara a promulgar a lei. "Eu
vou retirar essa ação do Supremo e enviar para a Câmara, onde tramitará normalmente. Os deputados terão
que rever a proposta mais
uma vez", diz Sarney.
Distorção
O ex-presidente afirma
que tomou a decisão porque
pretende "desjudicializar a
política. É um absurdo que
senadores e deputados, eleitos pela população, não tenham capacidade para resolver os conflitos. Não é possível que os homens do Supremo Tribunal Federal continuem resolvendo as coisas
por nós". De acordo ainda
com ele, "o Brasil está descaracterizando a política, que
está se judicializando, enquanto a Justiça está se politizando, o que não é bom".
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