São Paulo, segunda-feira, 03 de abril de 2000


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SEM MANDATO
Políticos se tornam assessores
Assembléia emprega ex-deputados no RS

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre

A Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul tornou-se um refúgio contra o desemprego para políticos gaúchos que foram barrados nas urnas.
Pelo menos nove ex-deputados estaduais que não conseguiram se reeleger em 1998 foram nomeados para cargos de assessoria na Assembléia em 1999.
Os salários desse grupo variam de cerca de R$ 3.000 a R$ 6.000, quantia equivalente à recebida pelos 55 deputados que compõem as bancadas com representação no Palácio Farroupilha.
Além contratados em 1999 -ligados ao PPB, PTB, PMDB e PDT-, a Assembléia emprega outros ex-deputados, cujos mandatos foram exercidos em períodos anteriores a 1995-98.
Com isso, atualmente são 20 os ex-deputados com cargo no Legislativo gaúcho.
Levando em conta os ex-deputados que se aposentaram como ocupantes de cargos de confiança, foram exonerados ou já morreram, nas últimas três décadas o total de casos eleva-se para mais de 50, conforme levantamento a que a Agência Folha teve acesso.

Semelhança
A atividade dos ex-deputados que trabalham na Assembléia é, de modo geral, semelhante à dos deputados. A presença no Legislativo permite aos ex-deputados continuar em contato com as bases partidárias, atendendo às reivindicações do seu eleitorado.
"Meu trabalho é praticamente igual ao de um deputado, só não tenho tribuna", disse o ex-deputado Valdir Heck, 55, coordenador da bancada do PDT, cujo salário é de R$ 6.000.
"Represento a minha região (de Ijuí), que ficou descoberta. Encaminho assuntos de interesses da comunidade", disse ele, que pretende tentar um novo mandato no Legislativo em 2002.
Para Heck, sua nomeação não é um favorecimento e resulta do "prestígio" que desfruta entre os companheiros de partido.
"Tive 22,5 mil votos em 1998 (contra os 17,5 mil votos obtidos em 1994, quando se elegeu) e trabalho intensamente".
Rubens Pillar, 72, um dos quatro ex-deputados do PPB que foram contratados para cargo de assessoria, disse que pesa na escolha a "experiência" de quem já exerceu mandato.
"Quando o deputado não tem tempo de estudar um assunto, recebe tudo mastigado do assessor", afirma Pillar.

Sem lei
O segundo vice-presidente da Assembléia, Luis Fernando Schmidt (PT), declarou que o Legislativo "não deve servir de abrigo a quem não tem sucesso eleitoral", mas observou que não existe lei que proíba a contratação de ex-deputados.
"O deputado tem de se prevenir para um insucesso eleitoral, mantendo-se atualizado na sua profissão", disse ele, que é dentista.


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