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SEM MANDATO
Políticos se tornam assessores
Assembléia emprega ex-deputados no RS
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre
A Assembléia Legislativa do Rio
Grande do Sul tornou-se um refúgio contra o desemprego para políticos gaúchos que foram barrados nas urnas.
Pelo menos nove ex-deputados
estaduais que não conseguiram se
reeleger em 1998 foram nomeados para cargos de assessoria na
Assembléia em 1999.
Os salários desse grupo variam
de cerca de R$ 3.000 a R$ 6.000,
quantia equivalente à recebida
pelos 55 deputados que compõem as bancadas com representação no Palácio Farroupilha.
Além contratados em 1999 -ligados ao PPB, PTB, PMDB e
PDT-, a Assembléia emprega
outros ex-deputados, cujos mandatos foram exercidos em períodos anteriores a 1995-98.
Com isso, atualmente são 20 os
ex-deputados com cargo no Legislativo gaúcho.
Levando em conta os ex-deputados que se aposentaram como
ocupantes de cargos de confiança,
foram exonerados ou já morreram, nas últimas três décadas o
total de casos eleva-se para mais
de 50, conforme levantamento a
que a Agência Folha teve acesso.
Semelhança
A atividade dos ex-deputados
que trabalham na Assembléia é,
de modo geral, semelhante à dos
deputados. A presença no Legislativo permite aos ex-deputados
continuar em contato com as bases partidárias, atendendo às reivindicações do seu eleitorado.
"Meu trabalho é praticamente
igual ao de um deputado, só não
tenho tribuna", disse o ex-deputado Valdir Heck, 55, coordenador da bancada do PDT, cujo salário é de R$ 6.000.
"Represento a minha região (de
Ijuí), que ficou descoberta. Encaminho assuntos de interesses da
comunidade", disse ele, que pretende tentar um novo mandato
no Legislativo em 2002.
Para Heck, sua nomeação não é
um favorecimento e resulta do
"prestígio" que desfruta entre os
companheiros de partido.
"Tive 22,5 mil votos em 1998
(contra os 17,5 mil votos obtidos
em 1994, quando se elegeu) e trabalho intensamente".
Rubens Pillar, 72, um dos quatro ex-deputados do PPB que foram contratados para cargo de assessoria, disse que pesa na escolha
a "experiência" de quem já exerceu mandato.
"Quando o deputado não tem
tempo de estudar um assunto, recebe tudo mastigado do assessor", afirma Pillar.
Sem lei
O segundo vice-presidente da
Assembléia, Luis Fernando
Schmidt (PT), declarou que o Legislativo "não deve servir de abrigo a quem não tem sucesso eleitoral", mas observou que não existe
lei que proíba a contratação de ex-deputados.
"O deputado tem de se prevenir
para um insucesso eleitoral, mantendo-se atualizado na sua profissão", disse ele, que é dentista.
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