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ALIADOS EM CRISE
FHC institui corregedora-geral, com o status de ministro
Após abafar CPI, presidente cria cargo anticorrupção
KENNEDY ALENCAR
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de abafar a CPI no Congresso e ver a imagem do governo
associada à corrupção, o presidente Fernando Henrique Cardoso criou ontem a Corregedoria
Geral da União, para coordenar as
investigações de denúncias na administração, e atacou indiretamente o senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA) e a oposição, que defendem a comissão
parlamentar de inquérito.
FHC decidiu criar a corregedoria após analisar pesquisas de opinião. O objetivo é dar uma resposta a fim de tentar dissociar a imagem do governo do "clima fictício
de "mar de lama" " -expressão do
próprio presidente.
Segundo o Datafolha, 84% dos
pesquisados são a favor de CPI.
Para 71%, há casos de corrupção
no governo e 56% acham que
FHC não tem combatido a corrupção.
FHC afirmou que seu governo
tem "preocupação permanente
com a corrupção" e que todos os
temas que a CPI deseja apurar já
estão sendo investigados, seja pelo governo (Polícia Federal e Advocacia Geral da União), seja pelo
Ministério Público.
No Congresso, a oposição avalia
que tem pouca chance de instaurar a CPI, que seria mista (deputados federais e senadores). Faltam
duas assinaturas no Senado e
quase 40 na Câmara.
Antes de anunciar que a subprocuradora da República aposentada Anadyr de Mendonça
Rodrigues chefiaria com status de
ministra a Corregedoria Geral da
União, FHC usou o discurso para
fazer suas críticas e um balanço de
medidas anticorrupção que tomou desde o primeiro mandato.
"Ela (Anadyr) vai ter carta branca para atuar com status de ministro e para avançar nas investigações sem quaisquer empecilhos,
de forma que o presidente não tenha de vir explicar o que já vem
sendo feito e para que quem gosta
de fazer barulho não faça com o
trabalho dos outros", disse FHC.
Em relação à oposição, disse
que a CPI da corrupção tem "conotação política, pré-eleitoral".
No governo, diz-se que o principal beneficiado seria o PT, que deve lançar a candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva
pela quarta vez.
O presidente afirmou que, na
democracia, não se pode instituir
"um paredão moral de fuzilamento". Afirmou que ainda que a
CPI misturaria "alhos com bugalhos" e se transformaria em "bandeira de campanha eleitoral".
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