São Paulo, terça-feira, 03 de abril de 2001

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GRAMPO NO BNDES

MPF apura caso

Acusados de escuta serão chamados a depor

ANTONIO CARLOS DE FARIA
DA SUCURSAL DO RIO

O Ministério Público Federal e a PF (Polícia Federal) decidiram tomar depoimentos do advogado Jorge Luís Moura e de Yolanda Santana Lopes, ex-funcionária do governo da Bahia, para apurar o suposto envolvimento dos dois com a escuta telefônica clandestina no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Segundo reportagem da revista "Época", os dois teriam tentado vender gravações feitas no período da privatização do sistema Telebrás, em 1998, nas quais apareceriam diálogos ainda não revelados entre o presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros.
Com base nos depoimentos, diz o delegado da PF Cláudio Nogueira, poderá ser aberto um novo inquérito sobre o caso. As investigações sobre o grampo no BNDES já resultaram em uma ação penal, em julgamento na Justiça Federal.
"Talvez os dois possam nos fornecer mais provas para o processo em curso, no qual já conseguimos denunciar a origem institucional do grampo", afirmou o delegado, que faz parte da Divisão de Combate ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais da PF.
Ao falar em origem institucional, ele faz referência à acusação movida contra funcionários do escritório carioca da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), apontados como autores do grampo.
São réus no processo os funcionários da Abin João Guilherme dos Santos Almeida, Gerci Firmino da Silva e Temílson Antônio Barreto de Resende, o Telmo.
Também são acusados o detetive particular Adilson Alcântara de Mattos e o ex-policial federal Célio Rocha. Os quatro primeiros negam envolvimento no crime. Rocha confessou ter sido convidado a participar do grampo e denunciou os demais.
A Folha tentou ouvir o advogado Jorge Luís Moura, mas ele não foi encontrado nos telefones fornecidos pela empresa telefônica local. Além das gravações do BNDES, Moura e Yolanda teriam tentado vender fitas sobre transações envolvendo a Petrobras, pelas quais estariam pedindo R$ 12 milhões. As fitas do banco custariam R$ 20 milhões.
Para o Ministério Público, é fato conhecido que há outras fitas, além das já reveladas, sobre a escuta clandestina no BNDES. Entre os procuradores, há pouca esperança de que as novas gravações, se comprovadas, possam trazer informações relevantes.


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