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RUMO A 2002
Os objetivos são eleger ministro como presidente do PSDB e criar triunvirato para comandar a discussão sucessória
Tasso e Pimenta se juntam contra Serra
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governador do Ceará, Tasso
Jereissati, e o ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, se
aliaram para enfraquecer o projeto presidencial do também tucano José Serra, ministro da Saúde.
Os objetivos da aliança são eleger Pimenta presidente do PSDB
em maio e criar um triunvirato no
partido para comandar a discussão sucessória na legenda.
O trio seria composto por Pimenta, já presidente da sigla, e
dois ex-presidentes do partido:
Tasso, principal presidenciável
tucano depois de Serra, e o senador Teotonio Vilela (AL), que deixará a presidência do PSDB.
Esse acordo foi costurado na cúpula tucana no último final de semana, em Belém. Tasso, principal
articulador do encontro, quis dar
um recado ao presidente Fernando Henrique Cardoso de que não
aceitará que a sucessão seja comandada exclusivamente pelo
Palácio do Planalto.
Tasso avalia que FHC estimula a
candidatura do ministro da Saúde. FHC aumentou as verbas da
pasta de Serra e tem lhe dado
apoio no bastidor. O ministro da
Saúde é o tucano mais bem colocado nas pesquisas. Teve 9% e
10% no Datafolha, a depender do
cenário. Tasso tem metade das intenções de voto de Serra.
Poder alternativo
O governador do Ceará julga
que a chance de se viabilizar é
criar um pólo de poder alternativo no PSDB. Ele era o preferido
do governador Mário Covas
(morto no mês passado). A partir
disso, vai tentar atrair aliados e
convidar para o encontro políticos à margem da discussão sucessória travada em Brasília.
Tasso ficou contrariado com
FHC, que pediu em jantar no Palácio da Alvorada que os caciques
tucanos evitassem o debate público da sucessão, mas prestigiou
Serra, levando o ministro para assinaturas de convênios que beneficiarão municípios pobres.
Pimenta, que também alimenta
o sonho presidencial (em menor
escala na comparação com Serra e
Tasso), avaliou que é preciso diminuir o apetite presidencial de
Serra, para que possa ter chance
de sonhar com o Planalto.
Tasso vai pressionar FHC a permitir que Pimenta possa acumular a eventual presidência do
PSDB com o ministério. O presidente tem resistência. Quer que
Pimenta deixe a pasta.
Pimenta, que tem como alternativa disputar o governo de Minas
ou o Senado em 2002, não quer
sair do ministério no ano em que
tem cerca de R$ 1 bilhão para investimentos.
Ele está de olho nos dividendos
eleitorais da aplicação dos recursos -exatamente o que fazem
Serra e Paulo Renato, ministro da
Educação e outro presidenciável
do segundo pelotão tucano.
Curiosamente, foi o próprio Pimenta o pai da idéia de proibir
que ministros e governadores assumissem a presidência da sigla.
Defendeu a tese para impedir que
Sérgio Motta, desafeto e ministro
das Comunicações, que morreu
em 1998, ocupasse o posto.
Tasso e Pimenta têm opiniões
semelhantes a respeito dos aliados para a sucessão de 2002. Ambos preferem uma união com o
PFL e têm críticas ao PMDB, mais
próximo de Serra.
Não foi à toa que uma das tônicas do encontro de Belém se resumiu a um plano para melhorar a
imagem ética do PSDB. O partido
nasceu em 1988 de uma dissidência do PMDB, partido que, à época, tinha Orestes Quércia, então
governador de São Paulo, como
um dos líderes principais.
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