São Paulo, terça-feira, 03 de abril de 2001

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RUMO A 2002

Os objetivos são eleger ministro como presidente do PSDB e criar triunvirato para comandar a discussão sucessória

Tasso e Pimenta se juntam contra Serra

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador do Ceará, Tasso Jereissati, e o ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, se aliaram para enfraquecer o projeto presidencial do também tucano José Serra, ministro da Saúde.
Os objetivos da aliança são eleger Pimenta presidente do PSDB em maio e criar um triunvirato no partido para comandar a discussão sucessória na legenda.
O trio seria composto por Pimenta, já presidente da sigla, e dois ex-presidentes do partido: Tasso, principal presidenciável tucano depois de Serra, e o senador Teotonio Vilela (AL), que deixará a presidência do PSDB.
Esse acordo foi costurado na cúpula tucana no último final de semana, em Belém. Tasso, principal articulador do encontro, quis dar um recado ao presidente Fernando Henrique Cardoso de que não aceitará que a sucessão seja comandada exclusivamente pelo Palácio do Planalto.
Tasso avalia que FHC estimula a candidatura do ministro da Saúde. FHC aumentou as verbas da pasta de Serra e tem lhe dado apoio no bastidor. O ministro da Saúde é o tucano mais bem colocado nas pesquisas. Teve 9% e 10% no Datafolha, a depender do cenário. Tasso tem metade das intenções de voto de Serra.

Poder alternativo
O governador do Ceará julga que a chance de se viabilizar é criar um pólo de poder alternativo no PSDB. Ele era o preferido do governador Mário Covas (morto no mês passado). A partir disso, vai tentar atrair aliados e convidar para o encontro políticos à margem da discussão sucessória travada em Brasília.
Tasso ficou contrariado com FHC, que pediu em jantar no Palácio da Alvorada que os caciques tucanos evitassem o debate público da sucessão, mas prestigiou Serra, levando o ministro para assinaturas de convênios que beneficiarão municípios pobres.
Pimenta, que também alimenta o sonho presidencial (em menor escala na comparação com Serra e Tasso), avaliou que é preciso diminuir o apetite presidencial de Serra, para que possa ter chance de sonhar com o Planalto.
Tasso vai pressionar FHC a permitir que Pimenta possa acumular a eventual presidência do PSDB com o ministério. O presidente tem resistência. Quer que Pimenta deixe a pasta.
Pimenta, que tem como alternativa disputar o governo de Minas ou o Senado em 2002, não quer sair do ministério no ano em que tem cerca de R$ 1 bilhão para investimentos.
Ele está de olho nos dividendos eleitorais da aplicação dos recursos -exatamente o que fazem Serra e Paulo Renato, ministro da Educação e outro presidenciável do segundo pelotão tucano.
Curiosamente, foi o próprio Pimenta o pai da idéia de proibir que ministros e governadores assumissem a presidência da sigla. Defendeu a tese para impedir que Sérgio Motta, desafeto e ministro das Comunicações, que morreu em 1998, ocupasse o posto.
Tasso e Pimenta têm opiniões semelhantes a respeito dos aliados para a sucessão de 2002. Ambos preferem uma união com o PFL e têm críticas ao PMDB, mais próximo de Serra.
Não foi à toa que uma das tônicas do encontro de Belém se resumiu a um plano para melhorar a imagem ética do PSDB. O partido nasceu em 1988 de uma dissidência do PMDB, partido que, à época, tinha Orestes Quércia, então governador de São Paulo, como um dos líderes principais.


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