São Paulo, segunda-feira, 03 de abril de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O RELATÓRIO

Destino de texto final da CPI dos Correios será decidido amanhã; votação deve ser apertada e ter diferença de no máximo dois votos

Falta de acordo pode derrubar relatório

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sem perspectiva de acordo entre a base aliada e a oposição, o relatório final da CPI dos Correios corre o risco de ser derrubado amanhã. A intenção do PT é limitar as acusações contra o governo à prática de caixa dois. Nessa operação, a possibilidade de a comissão acabar sem relatório algum é grande.
Após recorrer ao Palácio do Planalto, os moderados da CPI tentam convencer agora o PMDB a votar a favor do relatório original, que sofreria alterações pontuais. Em ano eleitoral, o argumento utilizado é que o partido poderia posar como quem impediu que a comissão fosse enterrada.
Nem os aliados nem a oposição têm margem de segurança na CPI, cuja votação deve ser decidida por uma diferença de no máximo dois votos. Os dois lados disputam o apoio dos deputados Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) e Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP).
Por ser o vice-presidente da CPI, a tendência natural de Bentes seria apoiar o documento produzido pelo relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), mas o deputado, que é ligado ao governista Jader Barbalho (PMDB-PA), tem feito jogo duplo.
Já Faria de Sá, que vinha agindo alinhado com o PSDB e o PFL, havia passado para o outro lado na última semana. A oposição se dispôs a colocar os pefelistas Cláudio Lembo e Gilberto Kassab, que assumiram o governo e a Prefeitura de São Paulo, respectivamente, para persuadi-lo a voltar atrás.
O petebista nega que vá votar com o governo e disse que participou de uma reunião da base aliada, na última terça-feira, atendendo a um pedido do líder de seu partido, deputado José Múcio (PE). No encontro, foram discutidas estratégias para derrubar o relatório produzido por Serraglio.
Além de estarem preocupados com a aprovação do relatório paralelo do PT, o temor de moderados da oposição e da própria base aliada é que, depois de rejeitar o texto de Serraglio, os petistas não consigam aprovar o documento alternativo. Assim, a CPI seria encerrada sem uma conclusão.
Esse cenário é possível porque interessaria a alguns partidos da base que a comissão não tivesse um relatório para encaminhar ao Ministério Público e à Polícia Federal. Membros do PMDB, por exemplo, apareceram nas investigações como envolvidos em supostas irregularidades.
O relator pode acolher alterações até amanhã, mas isso depende de um entendimento prévio entre governistas e oposição.


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