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JANIO DE FREITAS
Conversas de todo dia
Alencar apenas levou ao microfone radiofônico o assunto cuja constância não permite surpresa a ninguém
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O TOM GERAL entre surpresa e
crítica, nas reações de políticos à menção do vice José
Alencar a "mais tempo" para Lula,
tem muito de encenação e, quando
inclui, pouco de sinceridade. Como
preocupação, sondagem ou como
discreta aprovação, esse é o tema em
que todas as cabeças políticas se encontram e para o qual convergem,
mais cedo ou mais tarde, todas as
conversas que se introduzem na
(possível) sucessão de 2010, no uso
propagandístico do Programa de
Aceleração do Crescimento, nas viagens extravagantes de Lula, nos seus
discursos cada vez mais agressivos e
mais insinuantes de messianismo.
O vice Alencar apenas levou ao
microfone radiofônico, como sua
opinião ("de democrata", fez questão de ressaltar), o assunto cuja
constância, entre os que convivem
com política, não permite surpresa a
ninguém.
Nesse caso raro de comunhão temática é ampla uma espécie de velada certeza do propósito de Lula, expressa nas especulações divergentes
sobre a forma de realização do continuísmo, mas sempre continuísmo:
por meio plebiscito que autorize a
candidatura para terceiro mandato;
ou com emenda constitucional direta como foi feita para Fernando Cardoso, ou ainda com mais dois mandatos depois de um interregno, entre 2011 e 2014, preenchido por
um(a) sucessor(a) de plena lealdade.
As duas primeiras hipóteses suscitam o desdobramento especulativo
entre as vias para facilitá-las. A mais
explícita, com propostas específicas
ao Congresso, ou o terceiro mandato metido em um desvão de projeto
de reforma política.
Por acaso ou não -faça no fim a
sua escolha-, no dia em que o vice
Alencar fala da "preferência dos brasileiros" por "mais tempo para Lula", uma segunda fala inesperada o
complementou. Diante dos grandes
empresários e outros que integram
o populoso Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (mas não
Político), o próprio Lula, mesmo
sem saber "se caberia aqui propor"
tal tema, pediu "uma discussão sobre reforma política". A reforma que
qualificou como "a mais importante
de todas elas".
Diante dessa importância, Lula
não sabe "por que as pessoas não
querem fazer, a gente percebe a fragilidade dos partidos, as debilidades,
e as pessoas não querem fazer".
Mas Lula sabe por que quer fazê-la.
Reconhecimento
A atribuição que os governistas
fazem a "um tucano" infiltrado no
Planalto, para divulgar o tal dossiê,
é de uma pobreza mental que chega
a ser insultuosa. Mas tem um lado
aproveitável: é uma acusação à escolha incompetente de assessorias
palacianas e, como complemento,
da Abin com suas depurações dos
cadastros para nomeações. E a Presidência ainda recusa a divulgação
de seus gastos "porque ameaçaria a
segurança presidencial".
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