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Pré-candidata mistura elogios a Lula e Fernando Henrique
BERNARDO MELLO FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL
Às vésperas de uma eleição
com clima de plebiscito, Marina Silva parece ser a única política brasileira capaz de apontar
virtudes no presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e em seu
antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Em palestras e
entrevistas, a pré-candidata do
PV ao Palácio do Planalto tem
se equilibrado nos elogios aos
governos de PT e PSDB.
"Precisamos ter a humildade
de reconhecer as conquistas
dos últimos 16 anos", repete a
senadora, num discurso-exaltação que mistura a estabilização econômica dos tucanos e o
avanço social dos petistas.
Em caravana a Pernambuco,
na semana passada, Marina enquadrou Lula e FHC na categoria de "mantenedores de utopia". Ela comparou a dupla a
unanimidades nacionais, como
o ambientalista Chico Mendes
(1944-1988) e o antropólogo
Darcy Ribeiro (1922-1997). Depois, disse buscar um lugar na
mesma galeria.
"Não tenho preconceito em
recolher as coisas boas das pessoas", justifica.
Por onde passa, a senadora
tem festejado o equilíbrio monetário e fiscal conquistado na
gestão de FHC -período em
que os petistas acusavam o governo de arrochar salários e se
curvar aos ditames do Fundo
Monetário Internacional.
Ao comentar o governo Lula,
ela cita de cabeça os números
que mostram aceleração no
crescimento e na distribuição
de renda. E se desmancha em
elogios ao Bolsa Família, tachado de eleitoreiro pela intelectualidade tucana.
A boa vontade de Marina
com Lula e FHC também se
alastra para o campo pessoal.
Em visita a Garanhuns (PE), na
última quarta-feira, ela se disse
emocionada por estar na terra
natal do presidente.
Questionada sobre uma possível contradição entre o discurso e as críticas ao governo,
invocou o tempo em que foram
companheiros no PT:
"Tenho 30 anos de investimento de carinho e afeto no
presidente Lula. Quando a gente investe amorosamente em
alguém, os laços criam raízes".
Evitado por colegas de PSDB,
que temem que o desgaste de
sua imagem contamine a pré-candidatura de José Serra,
FHC é uma referência cada vez
mais presente nas falas de Marina -que diz admirá-lo como
ex-presidente e intelectual.
Após se reunir com pastores
evangélicos, ela se comparou ao
ex-presidente, tachado de ateu
na eleição municipal de 1985.
"É a segunda vez que as pessoas estão interessadas na fé de
um político. A primeira foi com
Fernando Henrique. Disseram
que ele não tinha fé, e ficavam
perguntando isso para constrangê-lo", disse.
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