DA REDAÇÃO

Dois temas renderam um debate caloroso e com direito a muita manifestação da platéia. Os protagonistas foram a colunista da Folha Danuza Leão e o deputado Severino Cavalcanti. Os assuntos, iniciação à vida sexual e aborto.
A colunista, mencionando uma declaração de Severino em que o deputado teria dito que o estupro é "um acidente, uma dificuldade passageira à vida da infeliz", quis saber se essa era mesmo sua opinião. A resposta foi longa: "Tem tantas crianças felizes, uma demonstração de que a vida pertence a Deus. Não podemos tirar a vida de ninguém. Mesmo que tenha sido um acidente horrendo. Para o homem que faz o estupro devia até ter a pena de morte. Como sou cristão, não admito a pena de morte, mas ele devia ter o maior castigo. Estuprador não merece o menor respeito da sociedade".
Danuza insistiu que aquela não era uma dificuldade passageira. E "cutucou": "Se acontecesse com uma pessoa da sua família, o senhor teria a mesma posição?"
Severino: "A mesma posição. A vida é a sublimação de tudo".
Um pouco depois, o tema iniciação à vida sexual veio à tona. Severino disse considerar sexo antes do casamento "uma experiência muito ruim".
"Para os homens também?", perguntou Danuza. "É evidente", rebateu o deputado, que emendou: "Se a senhora quer saber se eu fui assim ou não, vou lhe dizer que fiz isso. Era homem puro quando casei. Casei com uma mulher que me serviu".
Danuza: "O sr. está confessando publicamente que casou virgem?"
Severino: "Mais ou menos isso".
Sob risadas da platéia, Danuza quis saber se a mulher também tinha o direito a se casar "mais ou menos virgem". A resposta foi não. "Acho que a mulher tem que ser virgem, tem que ser pura".
Mas com o sexo masculino Severino foi mais condescendente: "Muitas vezes ele quer aprender como fazer direito".
Danuza: "Se a mulher tem que ser virgem, [ele] vai fazer com quem?" Severino: "Com quem estiver disposta a ser professora".

Gays
O tema homossexualismo não ficou de fora. O deputado disse que não é favorável, mas que não pode impedir que o projeto que aprova a união civil entre gays corra o rito normal na Câmara. "Eu, como presidente, colocarei para votar. Mas, como deputado, vou à tribuna defender minha posição." E se tivesse um neto gay? "Trataria com carinho e faria de tudo para que não continuasse."


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