|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Aliados querem esfriar CPI com "aula" sobre espaço aéreo
Primeiras duas sessões devem ter participação de representantes de Anac e Aeronáutica
Roteiro para adiar discussão sobre Infraero na comissão foi feito por governistas, maioria na CPI, com ajuda direta do Palácio do Planalto
FÁBIO ZANINI
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em articulação que teve a
participação direta do Planalto,
a base do governo na Câmara
traçou um roteiro para abafar
logo no início a CPI do Apagão
Aéreo, que deverá ser instalada
hoje à tarde. O governo terá 15
dos 24 integrantes da comissão, uma margem confortável
para controlar ritmo e alcance.
PT e PMDB, partidos que devem ficar com a relatoria e a
presidência, respectivamente,
devem divulgar os deputados
que comporão a comissão somente hoje pela manhã, ignorando um apelo do presidente
da Câmara, Arlindo Chinaglia
(PT-SP), de que isso ocorresse
até a meia-noite de ontem.
O mapa traçado pelo governo
prevê que as primeiras duas
sessões sejam uma espécie de
"aula magna" sobre como funciona o espaço aéreo brasileiro,
segundo a Folha apurou.
Um representante da Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil) e outro da Aeronáutica
explicariam aos deputados como funciona o espaço aéreo
brasileiro e como são divididas
as responsabilidades entre os
diversos órgãos envolvidos.
A partir daí, a comissão pararia por ao menos uma sessão
para detalhar os procedimentos. O primeiro foco seria o acidente com avião da Gol no ano
passado, que matou 154 pessoas. Um dos primeiros convocados deve ser o delegado da
Polícia Federal Renato Sayão,
de Cuiabá (MT), responsável
pela investigação do acidente.
A justificativa dos governistas é que o acidente foi o fato
que desencadeou toda a crise.
Numa segunda fase, o foco mudaria para os vários atrasos nos
aeroportos e para o motim dos
controladores de vôo.
Isso seria suficiente, segundo
esperam governistas, para esfriar as acusações contra a Infraero. O governo sabe que é
inevitável entrar nesse assunto
em algum momento, mas quer
adiá-lo o quanto puder. O argumento será que investigar a Infraero fugiria do escopo da CPI,
previsto em sua criação.
O dia ontem foi de reuniões
para definir os membros e a estratégia de atuação dos partidos. Marcelo Castro (PMDB-PI) ficará na presidência e a
tendência é que o petista Marco Maia (RS) ocupe a relatoria.
No final da tarde, o líder do
PT, Luiz Sérgio (RJ), saiu de
uma reunião com sua bancada
para um encontro com o ministro das Relações Institucionais,
Walfrido dos Mares Guia.
"Não podemos deixar que o
"mico" da CPI dos Bingos se repita", declarou Sérgio, sobre a
comissão de 2006 que trabalhou em mais de dez frentes.
O governador Jaques Wagner (BA) disse, após ter se reunido com o presidente Lula,
que "dificilmente qualquer CPI
terá o impacto que tiveram as
CPIs de 2005 e 2006". "Essas
tinham um objetivo do embate
eleitoral." Segundo ele, "agora,
os governantes querem ter
uma relação com Lula para resolver os problemas".
A oposição promete lutar para ter um dos postos-chave da
CPI, mas sabe que é batalha
perdida. "O correto seria que
tivéssemos pelo menos a relatoria", disse o líder da oposição,
Júlio Redecker (PSDB-RS). A
oposição estuda lançar candidatura de protesto para relator,
que seria a de Vanderlei Macris
(PSDB). Porém, a prioridade
agora, como diz o presidente
do DEM (ex-PFL), Rodrigo
Maia, é pela instalação da CPI.
Texto Anterior: Justiça eleitoral: TSE não aceita condições do PT para entregar lista Próximo Texto: CNBB: Estudo diz que CPIs se tornaram "moedas de embate político-partidário" Índice
|