São Paulo, sábado, 03 de maio de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lupi diz que não põe mão no fogo pelo "inocente" Paulinho

Executiva do PDT convocou reunião e vai cobrar esclarecimentos do deputado

Ministro evita comentar denúncias e diz que caso não prejudica representação de trabalhadores no conselho de administração do BNDES


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse ontem que "prejulga" a inocência do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, acusado de participar do esquema de desvio de parte dos empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). "Como ele nem réu é ainda, eu prejulgo a inocência."
Apesar disso, ao ser questionado se colocaria a mão no fogo pelo colega de partido, Lupi replicou: "Mão no fogo qualquer um que coloca pode se queimar. Não coloco a mão no fogo em nenhum processo da minha vida cotidiana, até porque sei o que é a queimadura do fogo".
O ministro afirmou que, após o evento para comemoração do dia 1º de Maio, conversou com Paulinho, que afirmou não ter nada a ver com o episódio e não saber do que é acusado.
Na semana passada, a Polícia Federal deflagrou a Operação Santa Tereza, que investiga o desvio de parte dos recursos de empréstimos do BNDES para prefeituras e empresas.
Relatórios da PF atribuem a Paulinho um plano para criar "um escândalo" que pudesse atingir o prefeito Gilberto Kassab (DEM-SP) e o então secretário municipal do Trabalho, Geraldo Vinholi (PDT-SP). Durante as comemorações do 1º de Maio, Paulinho disse saber "menos do que os jornalistas" sobre a investigação.
Lupi evitou comentar diretamente o episódio. "Enquanto esse processo não tiver todo o trâmite, eu me nego a acusar quem quer que seja. Não sou tribunal de inquisição", disse.
Para o ministro, o episódio não prejudica a representação dos trabalhadores no conselho de administração do BNDES. O advogado Ricardo Tosto, membro do conselho indicado pela Força, é acusado de usar o cargo para influenciar a liberação de empréstimos. "Também sou conselheiro do BNDES, não sei qual poder o conselheiro pode ter para fazer isso porque não mexe no dia-a-dia da administração do BNDES."

PDT
A Executiva Nacional do PDT vai convocar uma reunião na próxima semana para discutir as denúncias. O presidente nacional da legenda, deputado Vieira da Cunha (RS), disse que Paulinho será chamado a prestar esclarecimentos.
"É evidente que há uma situação incômoda", disse ele.
O presidente do PDT disse que a reunião da executiva será fundamental para esclarecer parte das dúvidas e ouvir as explicações de Paulinho.
"Tenho certeza que o deputado Paulo Pereira vai querer falar sobre o assunto e nós estamos dispostos a ouvi-lo", afirmou Vieira da Cunha.
Ele disse causar "estranheza" o fato de o ministro Tarso Genro (Justiça) negar que a operação tenha investigado parlamentares, enquanto há denúncias sendo publicadas na imprensa atribuídas à PF. "Queremos esclarecimentos sobre o que de fato ocorre."


Colaborou a Folha Online, em Brasília


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Justiça abre processo contra 13 e estende prisão de três acusados no caso BNDES
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.