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PT X PT
Deputados petistas pró-reforma decidem enfrentar esquerda do partido
Moderados abortam reunião de Dirceu com neo-rebeldes
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os moderados do PT abortaram
audiência que José Dirceu daria
ao grupo de 30 deputados petistas
que lançaram um manifesto com
críticas ao governo, na quinta-feira passada, e também acertaram
com o ministro da Casa Civil o
compromisso de faturar politicamente eventuais concessões ao
Congresso para aprovar as reformas tributária e previdenciária.
Os moderados, cerca de 60 deputados, tiveram aval do presidente do PT, José Genoino, para
enfrentar o grupo que lançou o
manifesto "Tomar o Rumo do
Crescimento Já!". O documento
atacou a política econômica do
ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, e pediu que o debate
sobre reforma da Previdência tenha a "marca substantiva da inclusão social e ampliação de direitos". Os moderados defendem
Palocci e a reforma do governo.
Acionado pelos moderados,
Dirceu cancelou a audiência. O
grupo moderado teme ficar na
defesa intransigente do governo e
ver a esquerda petista faturar politicamente, caso venham a ocorrer
eventuais concessões para suavizar as reformas, principalmente a
previdenciária.
Exemplo de concessão em estudo: pelo projeto de reforma da
Previdência, o servidor público,
no caso dos homens, precisará ter
idade mínima de 60 anos e 35
anos de contribuição para poder
se aposentar. Para as mulheres, a
regra prevê 55 anos de idade mínima e 30 de contribuição.
Como as regras atuais estabelecem idade mínima de 53 anos para o homem e de 48 para a mulher, os moderados sugerem nos
bastidores que o governo aceite
criar uma regra de transição. A
medida, que agradaria bastante o
funcionalismo, um dos mais tradicionais setores da base social
petista, teria a paternidade atribuída aos moderados.
A intenção do governo, porém,
ainda é insistir na manutenção integral dos textos de reforma tributária e previdenciária que enviou
ao Congresso.
Mas, se durante a tramitação
houver endurecimento de setores
da Câmara, Dirceu tentará negociar com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva algum tipo de concessão.
Manifesto
Dirceu marcará audiência com
os moderados para receber apoio
deles à política econômica do governo. O grupo estuda levar, no
mesmo dia, um manifesto a favor
do ministro Palocci, inclusive
com assinaturas de alguns dos
que subscreveram o documento
da esquerda petista.
Na semana passada, um grupo
de 30 parlamentares, capitaneado
por deputados da esquerda petista, lançou o manifesto com o cuidado de não coletar assinaturas
dos chamados radicais do partido, a fim de dar ao documento caráter mais amplo do que de chiadeira de tendências petistas.
Clima azedo
O manifesto da esquerda petista
provocou uma crise na bancada.
O enfrentamento com os moderados deverá se acirrar agora que
as reformas passam à fase decisiva: tramitação nas comissões especiais, nas quais se discutem os
méritos das propostas.
O líder da bancada do PT na Câmara, Nelson Pellegrino (BA),
tem ameaçada sua influência.
Moderados descobriram que, antes do lançamento do manifesto,
ele pediu ao ministro José Dirceu
que recebesse o grupo de 30 deputados que assinou o documento.
Pellegrino não assinou, mas seu
movimento antes do lançamento
deixou os moderados ressabiados. A idéia é começar a decidir as
grandes questões da bancada passando por cima de Pellegrino. Como tem maioria, a ala moderada
insistirá no respeito às regras internas do PT para conduzir as reformas do seu modo.
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