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CGU vê indício de fraude por todo o país
Análise feita em 300 prestações de contas de 74 municípios aponta irregularidades em 90% dos casos, afirma ministro
Desvio de verba de emendas parlamentares nos Estados, como esquema das fraudes das ambulâncias, é "muito provável", segundo ministro
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após análise em cerca de 300
prestações de contas de convênios municipais para a compra
de ambulâncias, o ministro
Jorge Hage (Controladoria Geral da União) disse ontem que,
segundo novas investigações
do órgão, há indícios de esquemas parecidos com a fraude dos
sanguessugas em todos os Estados e com outras empresas
atuando. "Há indícios de que
esses tipos de irregularidades
estejam ocorrendo em todos os
Estados", disse Hage ontem.
O ministro disse ainda ser
"muito provável" que dinheiro
de emendas parlamentares esteja sendo utilizado por essas
supostas novas máfias espalhadas nos Estados, em esquema
parecido com as fraudes na
compra de ambulâncias comandadas pela empresa Planam descobertas após investigação do Ministério Público e
da Polícia Federal na "Operação Sanguessuga".
As prestações de contas, analisadas nos últimos dois meses
pela CGU e pela Polícia Federal, se referem a convênios executados entre 2000 e 2005. Inicialmente, foram investigados
74 municípios sorteados pela
CGU para checagem de gastos a
partir de recursos repassados
pela União. "Encontramos indícios de irregularidades em
90% dessas prestações (...) Seja
pela presença de certas empresas, seja pelo tipo de operação,
nos parece que é o mesmo tipo
de esquema", disse Hage.
Segundo o ministro, os indícios de irregularidades vão de
superfaturamento ao fracionamento da compra para fugir
dos limites de licitação e à localização de empresas com um
quadro societário semelhante à
vencedora. Hage disse não ter
como garantir se as 300 prestações com indícios de irregularidades têm ligação com a suposta quadrilha encabeçada pela
Planam que vendia ambulâncias superfaturadas a prefeituras desde 2001 e teria desviado
R$ 110 milhões.
Anteontem, o Ministério Público Federal denunciou à Justiça 81 pessoas acusadas de pertencer à máfia dos sanguessugas, entre eles sete ex-congressistas e assessores parlamentares. Segundo a denúncia, para
que o dinheiro fosse liberado,
deputados e senadores apresentavam emendas ao Orçamento em troca de propina.
Questionado sobre a presença de parlamentares no novo
levantamento, Hage falou em
"tendência estatística". "Diria
por uma tendência estatística.
Se, naquilo que se verificou até
aqui, havia grande incidência
de recursos colocados por
emendas de parlamentares, é
muito provável que nessa segunda etapa também se encontrem recursos oriundos de
emendas parlamentares."
O ministro não quis adiantar
ontem nomes de empresas e de
parlamentares suspeitos. Citou
o Rio Grande do Sul como um
dos Estados com municípios e
empresas suspeitas e repetiu
que a investigação é feita em
parceria com a PF.
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