São Paulo, sábado, 03 de junho de 2006

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CGU vê indício de fraude por todo o país

Análise feita em 300 prestações de contas de 74 municípios aponta irregularidades em 90% dos casos, afirma ministro

Desvio de verba de emendas parlamentares nos Estados, como esquema das fraudes das ambulâncias, é "muito provável", segundo ministro


EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após análise em cerca de 300 prestações de contas de convênios municipais para a compra de ambulâncias, o ministro Jorge Hage (Controladoria Geral da União) disse ontem que, segundo novas investigações do órgão, há indícios de esquemas parecidos com a fraude dos sanguessugas em todos os Estados e com outras empresas atuando. "Há indícios de que esses tipos de irregularidades estejam ocorrendo em todos os Estados", disse Hage ontem.
O ministro disse ainda ser "muito provável" que dinheiro de emendas parlamentares esteja sendo utilizado por essas supostas novas máfias espalhadas nos Estados, em esquema parecido com as fraudes na compra de ambulâncias comandadas pela empresa Planam descobertas após investigação do Ministério Público e da Polícia Federal na "Operação Sanguessuga".
As prestações de contas, analisadas nos últimos dois meses pela CGU e pela Polícia Federal, se referem a convênios executados entre 2000 e 2005. Inicialmente, foram investigados 74 municípios sorteados pela CGU para checagem de gastos a partir de recursos repassados pela União. "Encontramos indícios de irregularidades em 90% dessas prestações (...) Seja pela presença de certas empresas, seja pelo tipo de operação, nos parece que é o mesmo tipo de esquema", disse Hage.
Segundo o ministro, os indícios de irregularidades vão de superfaturamento ao fracionamento da compra para fugir dos limites de licitação e à localização de empresas com um quadro societário semelhante à vencedora. Hage disse não ter como garantir se as 300 prestações com indícios de irregularidades têm ligação com a suposta quadrilha encabeçada pela Planam que vendia ambulâncias superfaturadas a prefeituras desde 2001 e teria desviado R$ 110 milhões.
Anteontem, o Ministério Público Federal denunciou à Justiça 81 pessoas acusadas de pertencer à máfia dos sanguessugas, entre eles sete ex-congressistas e assessores parlamentares. Segundo a denúncia, para que o dinheiro fosse liberado, deputados e senadores apresentavam emendas ao Orçamento em troca de propina.
Questionado sobre a presença de parlamentares no novo levantamento, Hage falou em "tendência estatística". "Diria por uma tendência estatística. Se, naquilo que se verificou até aqui, havia grande incidência de recursos colocados por emendas de parlamentares, é muito provável que nessa segunda etapa também se encontrem recursos oriundos de emendas parlamentares."
O ministro não quis adiantar ontem nomes de empresas e de parlamentares suspeitos. Citou o Rio Grande do Sul como um dos Estados com municípios e empresas suspeitas e repetiu que a investigação é feita em parceria com a PF.


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