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Renan mostra extratos, mas deixa dúvidas
Senador apresenta documentos de sua movimentação financeira, mas origem do dinheiro para pagar jornalista não é esclarecida
Apenas em 6 de 21 meses aparecem saques com valores acima de R$ 8.000 nos dias anteriores ao pagamento à jornalista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
apresentou documentos que
deixam dúvidas sobre a origem
do dinheiro usado para o pagamento de pensão à jornalista
Mônica Veloso, com quem o
peemedebista tem uma filha. A
documentação foi divulgada
pela revista "Época" que circula neste final de semana.
Segundo a revista, Renan entregou à corregedoria do Senado extratos bancários com sua
movimentação financeira entre janeiro de 2003 e dezembro
de 2006 para provar que tinha
saldo para pagar R$ 8.000 mensais de pensão, em dinheiro.
Os extratos mostrariam, no
entanto, que em apenas 6 dos
21 meses do período houve saques com valores superiores a
esse valor nos dias anteriores
ao pagamento à jornalista.
Para que a versão de Renan
Calheiros seja verdadeira é necessário acreditar num hábito
incomum: o senador teria o
costume de sacar numerário
em espécie e guardá-lo em casa
para quando tem a necessidade
de usar dinheiro vivo.
Da documentação entregue
pelo presidente do Congresso
constam ainda dois recibos que
comprovam o recebimento,
por Mônica, de duas parcelas
de R$ 50 mil para a constituição de um fundo para o "desenvolvimento cultural" da menina, em maio e junho de 2006.
Mas os recibos, assinados pela
jornalista, não provam que o dinheiro era proveniente das
contas de Renan.
Outra curiosidade: o peemedebista entregou as duas prestações em dinheiro vivo. Se a
transação era legal, com recibo
assinado, nada o impediria de
fazer tal pagamento por meio
eletrônico ou cheque.
Outro documento que consta
da reportagem de "Época" é o
recibo do pagamento à vista de
um ano do aluguel de uma casa
em Brasília pela jornalista, no
valor de R$ 43.200.
Novamente, não é possível
dizer que o dinheiro era realmente de Renan Calheiros.
Venda de gado
O presidente do Senado
apresentou também declarações de renda e patrimônio que
mostrariam um ganho de
R$ 1,9 milhão nos últimos quatro anos com a venda de gado.
Também há registro de depósitos regulares em sua conta em
valores de R$ 10 mil a R$ 50
mil, mas não é possível dizer se
esse dinheiro veio realmente
desses ganhos agropecuários.
Já a revista "Veja" desta semana tem reportagem que exibe fac-símiles do que seriam
contratos de aluguel de Mônica
Veloso nos quais o fiador é o lobista Claudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior.
São documentos que constam também de um dossiê apócrifo que circulou desde a metade da semana passada em
Brasília -um papelório com
transcrições de supostas gravações de conversas íntimas entre Renan e a jornalista.
Vítima
Na estratégia de defesa do senador estava incluída a divulgação tanto do dossiê apócrifo como dos extratos bancários de
Renan -embora o político alagoano negue participação no
vazamento.
O presidente do Congresso
tinha a expectativa de que a divulgação do dossiê o colocaria
num papel de vítima no episódio. Assessores do senador insistentemente diziam a jornalistas na semana passada que o
chefe havia sido gravado por
Mônica Veloso.
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