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Três cidades se destacam nas acusações de corrupção
Desvios provocam mortes e paralisam a administração
Edson Ruiz/Folha Imagem
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Outdoor utilizado pela Prefeitura de Milagres (BA) para apresentar suas contas à população |
DA AGÊNCIA FOLHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MILAGRES (BA)
Se houvesse um ranking medindo as acusações de corrupção nos municípios, Presidente
Vargas (MA), Colniza (MT) e
Guarujá (SP) poderiam ocupar
os primeiros lugares.
Já em Milagres (BA), a prefeitura escolheu uma forma diferente de prestar contas à população -as três placas de outdoors da cidade servem para divulgar seu balanço bimestral.
Com 10,7 mil habitantes,
Presidente Vargas (102 km de
São Luís) viu oito dos seus noves vereadores terem a prisão
preventiva decretada, em maio,
pela Justiça, acusados de receber R$ 1.000 por mês do então
prefeito Raimundo Bartolomeu Aguiar (PSC) para deixar
de fiscalizar as contas dele.
A investigação do desvio de
dinheiro resultou do inquérito
que investigou o assassinato do
prefeito com três tiros em março: dois dos vereadores acusados de receber propina foram
denunciados por participação
na morte do prefeito.
A viúva de Bartolomeu disse
à polícia que viu o marido entregar o talonário de cheques
assinados em branco da conta
corrente da prefeitura a um deputado estadual. Durante as investigações foram localizados
cheques da prefeitura usados
na compra de um terreno em
nome de outro deputado.
Lixo nas ruas
Em Colniza (MT), no final de
2006, os cidadãos enfrentavam
um surto de dengue que atingia
cerca de 40% da população, enquanto os médicos desertavam
de suas funções e o lixo acumulava-se nas ruas porque a prefeitura não tinha dinheiro.
Na época, o prefeito eleito
em 2004, Sérgio Bastos
(PMDB), tinha acabado de ser
afastado do cargo, sob a denúncia de ter desviado cerca de
R$ 10 milhões de verbas federais e estaduais.
Segundo opositores, era esse
dinheiro que deveria pagar os
materiais de prevenção à dengue, o salário dos médicos e dos
lixeiros. Com o prefeito, sete
dos nove vereadores, dois secretários e a tesoureira municipal deixaram suas funções.
Todos hoje sofrem processo
e negam as irregularidades.
No Guarujá (87 km de São
Paulo), a Câmara ficou ao menos seis sessões consecutivas
sem discutir nenhum projeto
entre outubro e novembro do
ano passado por causa de um
suposto esquema de corrupção
que envolveria 8 dos 14 vereadores, além do prefeito Farid
Said Madi (PDT).
Devido a decisões judiciais,
que ora tiravam os vereadores
dos cargos, ora os obrigavam a
retomar os trabalhos, a Câmara
de Guarujá ficou paralisada.
Hoje os oito vereadores seguem afastados de seus cargos
(recebendo R$ 4.700 por mês)
enquanto suplentes ocupam
suas vagas. Eles são suspeitos
de envolvimento em um esquema de corrupção entre o Executivo e Legislativo para aprovar projetos do prefeito.
Outdoors
Às margens da BR-116, Milagres (232 km de Salvador) optou por divulgar nos seus únicos três outdoors a arrecadação
e os gastos registrados pela prefeitura, do DEM. A cidade tem
14 mil habitantes.
Instalados nos locais de
maior movimento, as três placas custam R$ 540 à prefeitura.
Opositores do prefeito, no
entanto, questionam a autenticidade dos números divulgados.
(SÍLVIA FREIRE, JOÃO CARLOS MAGALHÃES, MARIANA CAMPOS E LUIZ
FRANCISCO)
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