São Paulo, domingo, 03 de junho de 2007

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Três cidades se destacam nas acusações de corrupção

Desvios provocam mortes e paralisam a administração

Edson Ruiz/Folha Imagem
Outdoor utilizado pela Prefeitura de Milagres (BA) para apresentar suas contas à população


DA AGÊNCIA FOLHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MILAGRES (BA)

Se houvesse um ranking medindo as acusações de corrupção nos municípios, Presidente Vargas (MA), Colniza (MT) e Guarujá (SP) poderiam ocupar os primeiros lugares.
Já em Milagres (BA), a prefeitura escolheu uma forma diferente de prestar contas à população -as três placas de outdoors da cidade servem para divulgar seu balanço bimestral.
Com 10,7 mil habitantes, Presidente Vargas (102 km de São Luís) viu oito dos seus noves vereadores terem a prisão preventiva decretada, em maio, pela Justiça, acusados de receber R$ 1.000 por mês do então prefeito Raimundo Bartolomeu Aguiar (PSC) para deixar de fiscalizar as contas dele.
A investigação do desvio de dinheiro resultou do inquérito que investigou o assassinato do prefeito com três tiros em março: dois dos vereadores acusados de receber propina foram denunciados por participação na morte do prefeito.
A viúva de Bartolomeu disse à polícia que viu o marido entregar o talonário de cheques assinados em branco da conta corrente da prefeitura a um deputado estadual. Durante as investigações foram localizados cheques da prefeitura usados na compra de um terreno em nome de outro deputado.

Lixo nas ruas
Em Colniza (MT), no final de 2006, os cidadãos enfrentavam um surto de dengue que atingia cerca de 40% da população, enquanto os médicos desertavam de suas funções e o lixo acumulava-se nas ruas porque a prefeitura não tinha dinheiro.
Na época, o prefeito eleito em 2004, Sérgio Bastos (PMDB), tinha acabado de ser afastado do cargo, sob a denúncia de ter desviado cerca de R$ 10 milhões de verbas federais e estaduais.
Segundo opositores, era esse dinheiro que deveria pagar os materiais de prevenção à dengue, o salário dos médicos e dos lixeiros. Com o prefeito, sete dos nove vereadores, dois secretários e a tesoureira municipal deixaram suas funções.
Todos hoje sofrem processo e negam as irregularidades.
No Guarujá (87 km de São Paulo), a Câmara ficou ao menos seis sessões consecutivas sem discutir nenhum projeto entre outubro e novembro do ano passado por causa de um suposto esquema de corrupção que envolveria 8 dos 14 vereadores, além do prefeito Farid Said Madi (PDT).
Devido a decisões judiciais, que ora tiravam os vereadores dos cargos, ora os obrigavam a retomar os trabalhos, a Câmara de Guarujá ficou paralisada.
Hoje os oito vereadores seguem afastados de seus cargos (recebendo R$ 4.700 por mês) enquanto suplentes ocupam suas vagas. Eles são suspeitos de envolvimento em um esquema de corrupção entre o Executivo e Legislativo para aprovar projetos do prefeito.

Outdoors
Às margens da BR-116, Milagres (232 km de Salvador) optou por divulgar nos seus únicos três outdoors a arrecadação e os gastos registrados pela prefeitura, do DEM. A cidade tem 14 mil habitantes.
Instalados nos locais de maior movimento, as três placas custam R$ 540 à prefeitura.
Opositores do prefeito, no entanto, questionam a autenticidade dos números divulgados. (SÍLVIA FREIRE, JOÃO CARLOS MAGALHÃES, MARIANA CAMPOS E LUIZ FRANCISCO)


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