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Desmatamento aumenta e já supera o registrado em 2007
Só em abril, floresta amazônica perdeu área equivalente à da cidade do Rio de Janeiro
Entre agosto de 2007 e abril de 2008, governo detectou 5.850 km2 desflorestados, contra 4.974 km2 de agosto de 2006 a julho de 2007
AFRA BALAZINA
ENVIADA ESPECIAL A SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
Mesmo antes de terminar o
período de observação da Amazônia -que vai até julho-, dados de satélite apontam que o
desmatamento já superou o total visto no intervalo anterior.
Entre agosto de 2007 e abril de
2008, o Deter, sistema de detecção em tempo real do governo, enxergou 5.850 km2 desflorestados. Entre agosto de 2006
e julho de 2007, o mesmo sistema viu 4.974 km2.
"O importante é que continua havendo a tendência de aumento mensurável de desmatamento", disse Gilberto
Câmara, diretor do Inpe
(Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais).
De acordo com ele,
os dados do Deter demonstram "que será
difícil manter a mesma
taxa" de desmatamento
de 2007, que foi de
11.200 km2 -equivalente a
sete vezes e meia a cidade de
São Paulo. Mas ainda não se
pode dizer qual será o total do
desmatamento de 2007/2008.
Primeiro porque ainda faltam as análises de maio, junho
e julho, quando a Amazônia fica seca e o desmate é mais alto.
Depois, porque apenas no segundo semestre o governo divulga o dado anual do sistema
Prodes, mais preciso que o Deter e usado para cálculo efetivo
da área desmatada.
"Colhe-se o que se plantou.
Você aumenta a exportação de
ferro-gusa com carvão de floresta nativa, triplica os frigoríficos, titula ocupações de até
1.500 hectares, licencia obras
ilegais e ainda não cobra as
multas. Depois espera o quê?
Considerando que só há dados
sobre Mato Grosso e Roraima,
a tendência é de termos um
ano entre os piores, voltando à
casa dos 20.000 km2", disse Roberto Smeraldi, diretor da
ONG Amigos da Terra.
Em abril, as nuvens "colaboraram" e o Inpe conseguiu detectar um desmatamento recorde nos últimos meses na Amazônia Legal: 1.123 km2. O
número, equivalente à área do
município do Rio de Janeiro, é
maior do que o desmatamento
observado nos meses de dezembro e de novembro passados (943 km2 e 974 km2 respectivamente), quando a devastação explodiu e fez o governo
anunciar uma série de ações.
Mato Grosso foi, como o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) já havia antecipado, o
líder em desmatamento no período, com 794,1 km2. O Estado
teve pouca cobertura de nuvens (14%), o que possibilitou
melhor análise da região.
Pará e Amapá, por exemplo,
tiveram 89% e 94% de cobertura de nuvens, respectivamente.
Em segundo lugar ficou Roraima, com 284 km2, e em terceiro, Rondônia, com 34,6 km2.
Este último foi citado como o
Estado mais degradado proporcionalmente, enquanto
Amazonas é o mais preservado.
No mês de março, haviam sido detectados 145 km2 de desflorestamento. Entretanto, não
se pode dizer que houve aumento expressivo de um mês
para o outro porque em março
as nuvens atrapalharam muito
a visualização -78% da Amazônia Legal estava coberta por
nuvens, contra 53% de abril.
"Em Mato Grosso as más notícias estão reveladas, agora
que a cobertura de nuvens diminuiu", disse Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon (Instituto do Homem e
Meio Ambiente da Amazônia).
Câmara disse que não é possível avaliar, no momento, se os
desmatamentos encontrados
são corte raso ou áreas em processo de desmatamento por
degradação florestal (quando
ainda existem árvores na área).
O Inpe afirma que dos cerca
de 4 milhões de km2 de floresta
amazônica, cerca de 700 mil já
foram desmatados.
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