|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Obra beneficia grupo de Blairo, diz promotor
Dados do Ministério Público apontam que mudança de traçado em linha de transmissão de hidrelétrica favoreceu a empresa Amaggi
Governador nega mudança em seu benefício; segundo ele, o atual desenho é o "caminho natural" para a distribuição da energia
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Dados reunidos pelo Ministério Público de Mato Grosso
apontam que uma mudança de
traçado na linha de transmissão da hidrelétrica de Dardanelos beneficiou pequenas centrais hidrelétricas do grupo Amaggi, da família do governador Blairo Maggi (PR-MT).
Do complexo de nove PCHs
(Pequenas Centrais Hidrelétricas) do rio Juruena, cinco são
do grupo Amaggi.
Os dados constam da ação
que conseguiu suspender a licença ambiental da linha. A
construção das pequenas hidrelétricas, cujas licenças foram expedidas pelo governo
mato-grossense, também é
contestada na Justiça.
Segundo o Ministério Público, o primeiro plano de construção da linha de transmissão,
proposto no EIA-Rima (estudo
de impacto ambiental) de Dardanelos, em 2005, previa que o
"linhão" ligaria a usina ao Sin
(Sistema Integrado Nacional)
por Sinop (506 km de Cuiabá).
No ano passado, quando o relatório de impactos do "linhão"
foi apresentado pela Eletronorte, a idéia inicial foi descartada.
Surgiu o plano, chancelado pela
EPE (Empresa de Pesquisa
Energética), de que a linha deveria sair de Dardanelos e chegar a Juína (737 km de Cuiabá).
Para o perito da Promotoria,
a mudança proporcionou economia à empresa do governador, que antes teria que gastar
para conectar o complexo de
PCHs ao Sin e agora precisará
apenas de fazer uma linha até a
subestação próxima das usinas,
e não até um ponto mais distante, como antes.
Para o promotor Gérson Barbosa, o novo traçado custará
cerca de R$ 500 milhões, o que
vai onerar a energia ao consumidor final. A nova linha de
transmissão foi aprovada pela
Secretaria do Meio Ambiente
de MT, subordinada a Blairo.
Outro lado
A Eletronorte, a EPE, a
Amaggi e o próprio governador
disseram que não há irregularidades nem benefícios na mudança do traçado da linha de
transmissão de Dardanelos.
Segundo a Eletronorte, a mudança de traçado foi necessária
ao leilão da linha. A EPE afirmou que a mudança é regular e
segue um plano de aproveitamento hidrográfico do rio.
Roberto Rubert, diretor da
Maggi Energia, afirmou, em
conversa em 2007, que a empresa não fará economia com a
mudança de planos, pois a linha
de transmissão para chegar até
a subestação será de tamanho
parecido com a que teria que
criar no primeiro cenário.
Blairo disse à Folha que não
houve qualquer mudança em
seu benefício. Segundo ele, o
atual desenho é o "caminho natural" para a distribuição da
energia. "É o único caminho.
Além do mais, passa a 150 km
das usinas do Juruena", afirmou, ao dizer que será preciso
fazer uma linha nesse trajeto.
Texto Anterior: Pastagem soma 7,8% da área da Amazônia Legal Próximo Texto: Secretário de MT volta a questionar dados de instituto Índice
|