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Ato contra tortura é marcado por críticas ao governo Cabral
Entidades reclamam de exposição de equipe do jornal "O Dia" torturada em favela
Empresa que edita o diário carioca não comentou o assunto; José Alencar diz que país "não pode transigir com coisas desta natureza"
Rafael Andrade/Folha Imagem
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Grupo se reúne em frente à Câmara do Rio em ato de repúdio à tortura de jornalistas de "O Dia"
DA SUCURSAL DO RIO
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
Críticas à política de segurança do governo Sérgio Cabral
Filho (PMDB) marcaram o ato
público realizado ontem na Cinelândia (centro) em protesto
contra o seqüestro e a tortura
de três profissionais do jornal
carioca "O Dia", ocorridos no
último dia 14 na favela do Batan
(Realengo, zona oeste).
Organizado pelo Sindicato
dos Jornalistas do Município
do Rio, que estimou em 300 o
número de presentes, a manifestação reuniu representantes
de entidades como OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e
ABI (Associação Brasileira de
Imprensa) e políticos, entre
eles cinco pré-candidatos à
Prefeitura do Rio: Alessandro
Molon (PT), Chico Alencar
(PSOL), Fernando Gabeira
(PV), Jandira Feghali (PC do B)
e Paulo Ramos (PDT).
Em documento intitulado
"Carta aos Jornalistas", o sindicato e a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) "protestam contra a decisão da empresa de expor seus trabalhadores
a tamanho risco". A empresa
que edita o jornal anunciou que
se manifestaria por meio de nota, o que não ocorrera até a conclusão desta edição.
Formada por uma repórter,
um fotógrafo e um motorista, a
equipe foi infiltrada pelo jornal
na favela, que é dominada por
uma milícia. Identificados pelos milicianos, os funcionários
foram capturados e torturados
por quase oito horas, antes de
serem expulsos da favela.
Em nota, o ministro da Secretaria dos Direitos Humanos,
Paulo Vannuchi, diz que o caso
"constitui flagrante desrespeito aos direitos humanos e à liberdade de imprensa no país".
Para a Sociedade Interamericana de Imprensa, o ocorrido
demonstra a intenção dos milicianos de impedir que jornalistas continuem investigando o
crime organizado.
O presidente da República
em exercício, José Alencar,
classificou o episódio como um
"horror". Ele disse que o Brasil
é um país de primeiro mundo,
que se prepara para ser uma potência, e que, portanto, os brasileiros precisam "se habituar a
serem filhos de um país rico,
um país que não pode mais
transigir com coisas desta natureza, que são coisas de país de
terceiro mundo".
Ontem, completaram-se seis
anos da morte do jornalista
Tim Lopes, assassinado por
traficantes do complexo de favelas do Alemão quando fazia
reportagem para a TV Globo,
onde trabalhava. Uma missa
em homenagem à vítima foi rezada no largo da Carioca.
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