São Paulo, terça-feira, 03 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ato contra tortura é marcado por críticas ao governo Cabral

Entidades reclamam de exposição de equipe do jornal "O Dia" torturada em favela

Empresa que edita o diário carioca não comentou o assunto; José Alencar diz que país "não pode transigir com coisas desta natureza"


Rafael Andrade/Folha Imagem
Grupo se reúne em frente à Câmara do Rio em ato de repúdio à tortura de jornalistas de "O Dia"

DA SUCURSAL DO RIO
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

Críticas à política de segurança do governo Sérgio Cabral Filho (PMDB) marcaram o ato público realizado ontem na Cinelândia (centro) em protesto contra o seqüestro e a tortura de três profissionais do jornal carioca "O Dia", ocorridos no último dia 14 na favela do Batan (Realengo, zona oeste).
Organizado pelo Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio, que estimou em 300 o número de presentes, a manifestação reuniu representantes de entidades como OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e políticos, entre eles cinco pré-candidatos à Prefeitura do Rio: Alessandro Molon (PT), Chico Alencar (PSOL), Fernando Gabeira (PV), Jandira Feghali (PC do B) e Paulo Ramos (PDT).
Em documento intitulado "Carta aos Jornalistas", o sindicato e a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) "protestam contra a decisão da empresa de expor seus trabalhadores a tamanho risco". A empresa que edita o jornal anunciou que se manifestaria por meio de nota, o que não ocorrera até a conclusão desta edição.
Formada por uma repórter, um fotógrafo e um motorista, a equipe foi infiltrada pelo jornal na favela, que é dominada por uma milícia. Identificados pelos milicianos, os funcionários foram capturados e torturados por quase oito horas, antes de serem expulsos da favela.
Em nota, o ministro da Secretaria dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, diz que o caso "constitui flagrante desrespeito aos direitos humanos e à liberdade de imprensa no país".
Para a Sociedade Interamericana de Imprensa, o ocorrido demonstra a intenção dos milicianos de impedir que jornalistas continuem investigando o crime organizado.
O presidente da República em exercício, José Alencar, classificou o episódio como um "horror". Ele disse que o Brasil é um país de primeiro mundo, que se prepara para ser uma potência, e que, portanto, os brasileiros precisam "se habituar a serem filhos de um país rico, um país que não pode mais transigir com coisas desta natureza, que são coisas de país de terceiro mundo".
Ontem, completaram-se seis anos da morte do jornalista Tim Lopes, assassinado por traficantes do complexo de favelas do Alemão quando fazia reportagem para a TV Globo, onde trabalhava. Uma missa em homenagem à vítima foi rezada no largo da Carioca.


Texto Anterior: Índios mantêm 5 servidores reféns no MA; no RS, grupo invade Funai e bloqueia via
Próximo Texto: Tortura: Procuradores pedem controle externo sobre a polícia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.