São Paulo, quarta-feira, 03 de junho de 2009

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Disputa no PMDB adia instalação de CPI

Senadores Renan Calheiros e Romero Jucá travam queda de braço pelo posto de principal interlocutor do Planalto na comissão

Para esconder o racha, os governistas dizem que só vão instalar CPI depois de retomar um dos postos de comando na CPI das ONGs


FERNANDA ODILLA
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A falta de acordo entre os senadores governistas impediu a instalação da CPI da Petrobras ontem. A comissão continua sem funcionar porque Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR) travam uma queda de braço pelo posto de principal interlocutor do Planalto na CPI.
A base não foi à reunião que instalaria a CPI e escolheria presidente e relator. Nova sessão foi marcada para amanhã.
Enquanto tentam se acertar, os governistas também buscam o retorno ao comando da CPI das ONGs, hoje dominada por DEM e PSDB. Sem acordo, a base ameaça boicotar mais uma vez a comissão da estatal.
O principal ponto de discórdia entre peemedebistas é a escolha do relator da CPI da Petrobras. Cabe a ele definir os rumos da investigação, além de listar culpados e apontar irregularidades no texto final.
Incumbido de realizar a eleição para presidente da CPI por ser o senador mais velho, Paulo Duque (PMDB-RJ) esperou 13 minutos antes de deixar o local onde ocorreria a reunião. Alegou falta de quórum. Era preciso seis senadores para abrir a reunião, mas apenas Duque e ACM Junior (DEM-BA) estavam no plenário. Os tucanos chegaram minutos depois para reclamar do que chamaram de "manobra de baixo nível".
Duque abandonou a reunião a pedido de Renan, que não concorda com indicação de Jucá para relator. Líder do governo no Senado, ele tem o apoio do ministro José Múcio (Relações Institucionais) e do líder do PT, Aloizio Mercadante.
Oficialmente, Renan nega veto a Jucá. "Fui contra essa proposta de líderes na comissão. Mas não tenho veto a ninguém", disse. "Não vou brigar com Renan", afirmou Jucá.
Nos bastidores, no entanto, o tom foi outro. Renan e Jucá discutiram ontem antes do cancelamento da reunião. Participaram do encontro Múcio e os senadores Gim Argello (PTB-DF) e Ideli Salvatti (PT-SC).
Jucá disse que seu nome já havia sido fechado em reuniões com Renan e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Renan desmentiu-o. E lembrou que ninguém anuncia relator "pelo jornal", referindo-se ao fato de o nome de Jucá ter sido noticiado como fato consumado. Desautorizado por Renan, Jucá pôs à disposição o cargo de líder do governo.
O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) disse ontem que a CPI poderá dificultar a captação de empréstimos externos pela estatal. Segundo ele, até agora a empresa não teve nenhuma dificuldade, mas o fato de ser alvo de CPI pode assustar investidores externos.
Para desviar a atenção do racha, os governistas anunciaram que só vão instalar a CPI da Petrobras depois de retomarem um dos postos de comando da CPI das ONGs.
Na semana passada, um cochilo do governo fez com que o senador aliado Inácio Arruda (PC do B-CE) perdesse a vaga de relator para Arthur Virgílio (PSDB-AM).
A oposição quer usar essa CPI para aprovar requerimentos contra entidades ligadas à Petrobras. Jucá apresentou ontem questionamento à Mesa Diretora para suspender a indicação do tucano à relatoria.


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