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Disputa no PMDB adia instalação de CPI
Senadores Renan Calheiros e Romero Jucá travam queda de braço pelo posto de principal interlocutor do Planalto na comissão
Para esconder o racha, os governistas dizem que só vão instalar CPI depois de retomar um dos postos de comando na CPI das ONGs
FERNANDA ODILLA
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A falta de acordo entre os senadores governistas impediu a
instalação da CPI da Petrobras
ontem. A comissão continua
sem funcionar porque Renan
Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR) travam
uma queda de braço pelo posto
de principal interlocutor do
Planalto na CPI.
A base não foi à reunião que
instalaria a CPI e escolheria
presidente e relator. Nova sessão foi marcada para amanhã.
Enquanto tentam se acertar,
os governistas também buscam
o retorno ao comando da CPI
das ONGs, hoje dominada por
DEM e PSDB. Sem acordo, a
base ameaça boicotar mais uma
vez a comissão da estatal.
O principal ponto de discórdia entre peemedebistas é a escolha do relator da CPI da Petrobras. Cabe a ele definir os
rumos da investigação, além de
listar culpados e apontar irregularidades no texto final.
Incumbido de realizar a eleição para presidente da CPI por
ser o senador mais velho, Paulo
Duque (PMDB-RJ) esperou 13
minutos antes de deixar o local
onde ocorreria a reunião. Alegou falta de quórum. Era preciso seis senadores para abrir a
reunião, mas apenas Duque e
ACM Junior (DEM-BA) estavam no plenário. Os tucanos
chegaram minutos depois para
reclamar do que chamaram de
"manobra de baixo nível".
Duque abandonou a reunião
a pedido de Renan, que não
concorda com indicação de Jucá para relator. Líder do governo no Senado, ele tem o apoio
do ministro José Múcio (Relações Institucionais) e do líder
do PT, Aloizio Mercadante.
Oficialmente, Renan nega
veto a Jucá. "Fui contra essa
proposta de líderes na comissão. Mas não tenho veto a ninguém", disse. "Não vou brigar
com Renan", afirmou Jucá.
Nos bastidores, no entanto, o
tom foi outro. Renan e Jucá discutiram ontem antes do cancelamento da reunião. Participaram do encontro Múcio e os senadores Gim Argello (PTB-DF)
e Ideli Salvatti (PT-SC).
Jucá disse que seu nome já
havia sido fechado em reuniões
com Renan e o presidente do
Senado, José Sarney (PMDB-AP). Renan desmentiu-o. E
lembrou que ninguém anuncia
relator "pelo jornal", referindo-se ao fato de o nome de Jucá ter
sido noticiado como fato consumado. Desautorizado por
Renan, Jucá pôs à disposição o
cargo de líder do governo.
O ministro Edison Lobão
(Minas e Energia) disse ontem
que a CPI poderá dificultar a
captação de empréstimos externos pela estatal. Segundo
ele, até agora a empresa não teve nenhuma dificuldade, mas o
fato de ser alvo de CPI pode assustar investidores externos.
Para desviar a atenção do racha, os governistas anunciaram
que só vão instalar a CPI da Petrobras depois de retomarem
um dos postos de comando da
CPI das ONGs.
Na semana passada, um cochilo do governo fez com que o
senador aliado Inácio Arruda
(PC do B-CE) perdesse a vaga
de relator para Arthur Virgílio
(PSDB-AM).
A oposição quer usar essa
CPI para aprovar requerimentos contra entidades ligadas à
Petrobras. Jucá apresentou ontem questionamento à Mesa
Diretora para suspender a indicação do tucano à relatoria.
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