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Líder ruralista cobra de Lula demissão de Minc
"Está havendo falta de atitude e de pulso por parte do governo", diz Kátia Abreu
Em resposta, ministro, que havia chamado produtores rurais de "vigaristas", afirma que "presidente do Brasil não é a Kátia Abreu, é o Lula"
MARTA SALOMON
HUDSON CORREA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), senadora Kátia Abreu
(DEM-TO), cobrou ontem do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva a demissão do ministro
Carlos Minc (Meio Ambiente),
por ele ter chamado os grandes
produtores rurais de "vigaristas", na quarta-feira passada.
"Está havendo falta de atitude e de pulso por parte do governo. O presidente não pode
permitir isso. Eu quero que ele
[Minc] seja punido. Eu não sou
a patroa dele; se fosse, ele seria
demitido", afirmou a senadora.
Kátia Abreu liderou a reação
ao comportamento do ministro, também criticado ontem
por colegas de governo.
Minutos antes, ela mandara
protocolar uma denúncia contra Minc na Comissão de Ética
Pública do governo e uma representação na Procuradoria
Geral da República pedindo a
abertura de processo por crime
de responsabilidade.
Ontem, a Comissão de Agricultura da Câmara aprovou requerimento que convoca o ministro para, no dia 17, esclarecer a declaração.
Ao saber da reação da CNA,
Minc não demonstrou preocupação. E ironizou: "Imagina! O
presidente do Brasil não é a Kátia Abreu, é o Lula. Se fosse, a
gente não ia ter Bolsa Família,
ia ter Bolsa Latifúndio".
Minc e Abreu estão em lados
opostos do debate de mudanças
no Código Florestal, que define
limites de desmatamento.
Nas ações protocoladas ontem, a CNA reproduz as palavras do ministro durante manifestação da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura). Minc
buscava o apoio de pequenos
agricultores contra mudanças
na legislação ambiental.
Os textos encaminhados à
Comissão de Ética Pública e à
Procuradoria Geral também
criticam o fato de o ministro
não reconhecer mudanças na
legislação ambiental adotadas
pelo Estado de Santa Catarina.
"Ao revelar posição hostil aos
produtores do setor rural, evidencia a parcialidade com que
tem se conduzido à frente do
ministério", afirma a representação enviada ao procurador-geral Antonio Fernando Souza,
que não se manifestou ontem
sobre a ação.
Minc apresentou ontem novos dados sobre desmatamento
na Amazônia de fevereiro a
abril. A área devastada alcançou 197 km2 contra 1.992 km2
no mesmo período de 2008.
Ou seja, houve redução de
90%, mas, de acordo com o ministro, a maior quantidade de
nuvens neste ano pode ter impedido a captação de imagens
de novas áreas desmatadas.
Licenças ambientais
Sem citar o nome de Minc, o
ministro Mangabeira Unger
(Assuntos Estratégicos) afirmou que, assim como propôs a
regularização fundiária da
Amazônia, defenderá "dinâmica de regularização ambiental
que enfrente problemas do
mundo real e não uma batalha
de rótulos ideológicos".
Os ministros Reinhold Stephanes (Agricultura) e Alfredo
Nascimento (Transportes),
acusados por Minc de tentativa
de sabotar a lei ambiental, não
se manifestaram. Uma das razões da divergência entre Minc
e Nascimento é a licença para o
asfaltamento da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho.
O diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes),
Luiz Antonio Pagot, disse que a
licença não sai por motivo "tipicamente ideológico, não tem
um milímetro a ver com preservação ambiental".
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