São Paulo, Quinta-feira, 03 de Junho de 1999
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GRAMPO NO BNDES
Após rejeição de pedido de abertura de processo no Congresso, intenção é buscar adesão da população
Oposição decide ir às ruas contra FHC

DENISE MADUEÑO
LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília

Sem força para aprovar no Congresso a abertura de processo contra o presidente Fernando Henrique Cardoso por crime de responsabilidade, a oposição decidiu tentar reviver os movimentos de rua.
Após cinco horas de reunião, os presidentes dos partidos de oposição (PT, PDT, PC do B, PCB e PSB) definiram ontem promover atos públicos contra o governo, culminando com uma marcha de 100 mil pessoas a Brasília.
A abertura de processo contra FHC é o primeiro passo para o impeachment.
A base para o pedido é a conversa telefônica gravada entre FHC e o ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) André Lara Resende publicada pela Folha na semana passada.
No diálogo, FHC autoriza Lara Resende a usar seu nome para pressionar o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil a entrar em um dos consórcios participantes do leilão de privatização do Sistema Telebrás.

Impeachment
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), negou anteontem o pedido de abertura de processo feito pela oposição com o argumento de que o grampo não serve como prova judicial.
A mobilização da oposição inclui a instalação em todos Estados de postos de coleta de assinatura pedindo a abertura de processo contra FHC e a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) pelo Congresso para investigar a privatização da Telebrás.
"Vamos colher assinaturas para exigir do Congresso que não fique de joelhos diante do presidente", afirmou o ex-candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Além de Lula, participaram da reunião os presidentes do PT, deputado José Dirceu (SP), do PDT, Leonel Brizola, do PC do B, João Amazonas, do PSB, Miguel Arraes, e do PCB, Zuleide Faria de Melo.

Assinaturas
Parlamentares de oposição lançaram ontem campanha nacional para recolher assinaturas de apoio à criação da CPI da privatização do Sistema Telebrás.
Em uma hora e meia, abordando pessoas nas proximidades da rodoviária de Brasília, conseguiram 2.200 assinaturas de moradores do Distrito Federal.
Comandados pelo líder do PT na Câmara, o deputado federal José Genoino (SP), os parlamentares não tiveram muita dificuldade para convencer os passantes a assinar o pedido.
"É preciso investigar o roubo na Telebrás", disse o comerciário Leonildo Leandro Pereira, 19.
"Assinei o pedido de CPI contra a safadeza que está acontecendo", afirmou, por sua vez, o técnico em informática Antônio José Souza Daniel, 38.
As assinaturas recolhidas pela oposição a favor de CPI têm efeito político e de pressão, mas não terão valor formal no Congresso.


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