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GRAMPO NO BNDES
Após rejeição de pedido de abertura de processo no Congresso, intenção é buscar adesão da população
Oposição decide ir às ruas contra FHC
DENISE MADUEÑO
LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília
Sem força para aprovar no Congresso a abertura de processo contra o presidente Fernando Henrique Cardoso por crime de responsabilidade, a oposição decidiu tentar reviver os movimentos de rua.
Após cinco horas de reunião, os
presidentes dos partidos de oposição (PT, PDT, PC do B, PCB e PSB)
definiram ontem promover atos
públicos contra o governo, culminando com uma marcha de 100 mil
pessoas a Brasília.
A abertura de processo contra
FHC é o primeiro passo para o impeachment.
A base para o pedido é a conversa
telefônica gravada entre FHC e o
ex-presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) André Lara
Resende publicada pela Folha na
semana passada.
No diálogo, FHC autoriza Lara
Resende a usar seu nome para
pressionar o fundo de pensão dos
funcionários do Banco do Brasil a
entrar em um dos consórcios participantes do leilão de privatização
do Sistema Telebrás.
Impeachment
O presidente da Câmara, Michel
Temer (PMDB-SP), negou anteontem o pedido de abertura de processo feito pela oposição com o argumento de que o grampo não serve como prova judicial.
A mobilização da oposição inclui
a instalação em todos Estados de
postos de coleta de assinatura pedindo a abertura de processo contra FHC e a instalação de uma CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) pelo Congresso para investigar a privatização da Telebrás.
"Vamos colher assinaturas para
exigir do Congresso que não fique
de joelhos diante do presidente",
afirmou o ex-candidato do PT à
Presidência da República, Luiz
Inácio Lula da Silva.
Além de Lula, participaram da
reunião os presidentes do PT, deputado José Dirceu (SP), do PDT,
Leonel Brizola, do PC do B, João
Amazonas, do PSB, Miguel Arraes,
e do PCB, Zuleide Faria de Melo.
Assinaturas
Parlamentares de oposição lançaram ontem campanha nacional
para recolher assinaturas de apoio
à criação da CPI da privatização do
Sistema Telebrás.
Em uma hora e meia, abordando
pessoas nas proximidades da rodoviária de Brasília, conseguiram
2.200 assinaturas de moradores do
Distrito Federal.
Comandados pelo líder do PT na
Câmara, o deputado federal José
Genoino (SP), os parlamentares
não tiveram muita dificuldade para convencer os passantes a assinar
o pedido.
"É preciso investigar o roubo na
Telebrás", disse o comerciário
Leonildo Leandro Pereira, 19.
"Assinei o pedido de CPI contra a
safadeza que está acontecendo",
afirmou, por sua vez, o técnico em
informática Antônio José Souza
Daniel, 38.
As assinaturas recolhidas pela
oposição a favor de CPI têm efeito
político e de pressão, mas não terão valor formal no Congresso.
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