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Líder de oposição na Câmara diz que quer derrubar Lula por meio de CPI
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O líder do PFL na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (BA),
defendeu ontem a derrubada do
governo, no discurso mais duro
ontem na Casa sobre o fato de o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter colocado um boné do MST.
"Sua excelência [Lula] jamais poderia ter colocado na cabeça o
símbolo da desordem. Pode um
presidente da República aceitar e
demonstrar intimidade ao ponto
de colocar um biscoito na boca de
um líder do MST?", disse.
Segundo Aleluia, o PFL começaria a implantar "uma oposição
que quer derrubar o governo". Isso, de acordo com o deputado, seria feito por meio de uma CPI que apuraria o suposto envolvimento
do Planalto com o movimento dos sem-terra.
O PFL começou ontem mesmo a recolher assinaturas. O requerimento para a instalação da comissão de inquérito pedia a investigação sobre as atividades do MST, mas não solicitava a apuração das
relações do governo com os sem-terra. Até as 20h, os assessores do
deputado afirmaram ter recolhido mais de cem assinaturas.
Para o requerimento da CPI ser
apresentado, são necessárias 171
assinaturas. A efetiva instalação
depende ainda de aprovação da
Mesa e da obediência a uma fila
de outros requerimentos de CPI.
Somente cinco podem funcionar
simultaneamente. Já há quatro
instaladas.
Aleluia levou para o discurso
uma foto do presidente com o boné. "Isso é brincar com fogo.
Amanhã, todos os jornais do Brasil e do mundo vão mostrar o presidente do Brasil com um boné de
um movimento que os grandes
historiadores classificam como
um movimento de bandoleiros
sociais", afirmou o líder do PFL.
O clima ficou mais tenso na Câmara quando um grupo de deputados petistas desfraldou uma
bandeira do MST no plenário em
apoio a um discurso em defesa de
Lula feito pelo deputado Nelson
Pellegrino (BA), líder do PT.
O deputado Ronaldo Caiado
(PFL-GO), um dos líderes da bancada ruralista, afirmou que a atitude de Lula pode "estimular invasões por todo o país".
Senado
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), apresentou
ontem à Mesa da Casa requerimento para instalação de uma
CPI destinada a apurar a "questão
da reforma agrária no Brasil", especialmente "ações ilícitas, com
sucessivas e violentas invasões de
terras, praticadas pelo chamado
MST".
Virgílio conseguiu 34 assinaturas. Para que o requerimento seja
apreciado pela Mesa, são necessárias 27.
Questionado sobre se a decisão
de requerer a CPI fora desencadeada pelo gesto público de Lula
de usar um boné do MST, o líder
tucano disse que "isso ajudou".
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