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São Paulo, quinta-feira, 03 de julho de 2003

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Líder de oposição na Câmara diz que quer derrubar Lula por meio de CPI

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do PFL na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (BA), defendeu ontem a derrubada do governo, no discurso mais duro ontem na Casa sobre o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter colocado um boné do MST. "Sua excelência [Lula] jamais poderia ter colocado na cabeça o símbolo da desordem. Pode um presidente da República aceitar e demonstrar intimidade ao ponto de colocar um biscoito na boca de um líder do MST?", disse.
Segundo Aleluia, o PFL começaria a implantar "uma oposição que quer derrubar o governo". Isso, de acordo com o deputado, seria feito por meio de uma CPI que apuraria o suposto envolvimento do Planalto com o movimento dos sem-terra.
O PFL começou ontem mesmo a recolher assinaturas. O requerimento para a instalação da comissão de inquérito pedia a investigação sobre as atividades do MST, mas não solicitava a apuração das relações do governo com os sem-terra. Até as 20h, os assessores do deputado afirmaram ter recolhido mais de cem assinaturas.
Para o requerimento da CPI ser apresentado, são necessárias 171 assinaturas. A efetiva instalação depende ainda de aprovação da Mesa e da obediência a uma fila de outros requerimentos de CPI. Somente cinco podem funcionar simultaneamente. Já há quatro instaladas.
Aleluia levou para o discurso uma foto do presidente com o boné. "Isso é brincar com fogo. Amanhã, todos os jornais do Brasil e do mundo vão mostrar o presidente do Brasil com um boné de um movimento que os grandes historiadores classificam como um movimento de bandoleiros sociais", afirmou o líder do PFL.
O clima ficou mais tenso na Câmara quando um grupo de deputados petistas desfraldou uma bandeira do MST no plenário em apoio a um discurso em defesa de Lula feito pelo deputado Nelson Pellegrino (BA), líder do PT.
O deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO), um dos líderes da bancada ruralista, afirmou que a atitude de Lula pode "estimular invasões por todo o país".

Senado
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), apresentou ontem à Mesa da Casa requerimento para instalação de uma CPI destinada a apurar a "questão da reforma agrária no Brasil", especialmente "ações ilícitas, com sucessivas e violentas invasões de terras, praticadas pelo chamado MST".
Virgílio conseguiu 34 assinaturas. Para que o requerimento seja apreciado pela Mesa, são necessárias 27.
Questionado sobre se a decisão de requerer a CPI fora desencadeada pelo gesto público de Lula de usar um boné do MST, o líder tucano disse que "isso ajudou".


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