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Delúbio montou bunker em hotel
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo com residência fixa e
endereço de trabalho em São Paulo, o tesoureiro nacional do PT,
Delúbio Soares, transformou um
hotel a três quadras de sua casa
num bunker para reuniões na reta
final da campanha de 2004.
De agosto a dezembro, foram 18
as reservas registradas no hotel
Intercontinental. O gasto com a
hospedagem -oficialmente declarado como "locação de salas e
despesas com alimentação para
reunião do Sr. Delúbio Soares"-
foi de R$ 11,7 mil.
Além dessas, a Secretaria de Finanças e Planejamento do PT fez
mais 20 reservas em hotéis destinadas às reuniões. O custo foi de
R$ 8.000. Outros dois hotéis ocupados -o Blue Tree Towers Paulista e o Condomínio Edifício
Paulista Capita- ficam no mesmo bairro onde Delúbio mora.
Ainda em São Paulo, foram usadas as dependências do Braston,
Transamérica e do Sofitel.
Embora lançadas num documento interno do partido em benefício de Delúbio, as reservas
não foram feitas em seu nome,
mas nos de sua secretária, Carolina Vivanco, ou de Elizabeth
Scomparin, encarregada de eventos do PT. Em pelo menos dois casos -nos dias 8 e 14 de setembro-, foram ocupados dois
apartamentos pela Secretaria de
Finanças e Planejamento do PT
(SF&P). Segundo os registros do
hotel, no dia 15, por exemplo, foram os de número 401 e 611. Mas,
como a reserva está em nome de
Beth Scomparin, não é possível
identificar seus ocupantes.
Campanha eleitoral
O artifício coincide com o momento em que, exposto, Delúbio
se queixava da dificuldade de
abordar empresários para obter
recursos para financiamento das
campanhas nos municípios. A
maior concentração está nos meses de agosto e setembro.
De acordo com a prestação de
contas do partido ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), foram 25
lançamentos de despesas somente entre agosto e outubro do ano
passado. No Intercontinental, o
menor gasto foi no dia 7 de dezembro (R$ 412,50). O maior desembolso ocorreu no dia 25 de
agosto: R$ 1.081,15. O Intercontinental não foi o único refúgio de
Delúbio e seus interlocutores. Nos
dias 8 de junho e 1º de setembro,
foi o Sofitel. No dia 14 de setembro, por exemplo, foi o Condomínio Paulista Capita (R$ 454,26).
No dia 20, foi o Blue Tree (R$
350). No 21, o hotel Transamérica.
Em setembro, houve registro de
locação dia após dia, como 15, 16,
17 e 18. Outro integrante do comando do PT que, apesar de morar em São Paulo, se hospedou em
hotéis, foi o hoje secretário-geral
do partido, Sílvio Pereira.
No dia 2 de julho, o partido alugou um apartamento -a R$ 445
- para as reuniões de Silvinho.
No dia 18 de novembro, ele se
hospedou no Gran Meliá Mofarrej. O gasto foi de R$ 767,80. No
dia 12 de abril, ele consumiu R$
319,00 numa reunião no Maksould Plaza, também em Cerqueira César. As despesas do PT sob o
título "reuniões de secretarias e
comissões" somaram R$
154.057,73 no ano passado.
Segundo prestação de contas do
PT ao Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), a prática é adotada desde
2003. No dia 3 de dezembro, por
exemplo, foram pagos R$ 826,10
referentes a reuniões em novembro. Os gastos somaram R$
258.912,91 no ano passado.
Em 2003, o Sofitel foi um dos
mais usados para a organização
de reuniões privadas, como no
dia 22 de agosto, a R$ 375,50, por
Delúbio Soares. A Secretaria de
Finanças também fez reservas em
hotéis da rede Accor. Procurado
pela Folha, Delúbio não quis comentar os dados da reportagem.
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