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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O PUBLICITÁRIO
Documentos do BC revelam relação financeira entre o publicitário e petistas; SMPB também teria pago prestação do empréstimo
Valério avalizou empréstimo para o PT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O publicitário mineiro Marcos
Valério Fernandes de Souza,
apontado como um operadores
do suposto esquema de pagamento de propina a parlamentares,
negociou e avalizou empréstimo
de R$ 2,4 milhões para o PT no
banco BMG em Belo Horizonte.
Um das agências ligadas a Marcos
Valério ainda pagou uma das
prestações para o partido, no valor de R$ 349.927,53.
A relação financeira entre o publicitário e o PT foi revelada ontem pela revista "Veja", que relata
ter tido acesso a documentos do
Banco Central. O publicitário afirmava que sua ligação com o PT se
resumia à amizade com o tesoureiro Delúbio Soares e à participação de duas agências das quais é
sócio em campanhas do PT.
O empréstimo no BMG foi realizado no dia 17 de fevereiro de
2003. Segundo documentação
apresentada pela "Veja", três pessoas assinaram o documento: Delúbio Soares, José Genoino, presidente do PT, e Marcos Valério. O
publicitário aparece como "avalista e devedor solidário".
Também segundo a revista,
Marcos Valério pagou uma das
prestações por meio de sua agência SMPB Comunicação. O dinheiro saiu da conta da agência
no Banco Rural em 14 de julho de
2004. O total da dívida ainda não
foi quitado, segundo a documentação do BC. A SMPB tem hoje
dois contratos com o governo:
Correios e Ministério do Esporte.
A "Veja" também relata que
Marcos Valério participou das negociações com o BMG para a liberação do empréstimo. Os R$ 2,4
milhões foram solicitados por Delúbio no início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O publicitário teria entrado em
cena depois que o tesoureiro enfrentou dificuldades para liberar o
dinheiro. Ele teria participado das
conversas com a direção do banco
e viabilizado uma reunião de executivos da BMG com o então ministro da Casa Civil, José Dirceu.
Por fim, teria usado seu prestígio
para avalizar a transação.
Em depoimento à Polícia Federal em Brasília, Marcos Valério
negou ter agendado qualquer
reunião com Dirceu. Ontem, a reportagem não conseguiu contato
com sua assessoria em Belo Horizonte. Marcelo Leonardo, um dos
advogados do publicitário, afirmou que Marcos Valério não iria
comentar. "Não vamos falar sobre informações vazadas. Não
queremos interferir para que não
ocorra ilicitude de prova", disse.
Responsável
O presidente do PT, José Genoino, responsabilizou o tesoureiro
do partido pelo empréstimo. Segundo Genoino, a operação foi
feita por orientação de Delúbio. À
"Veja", Genoino negou que Marcos Valério fosse o avalista do financiamento. Ontem, no encontro do Foro de São Paulo -que
congrega partidos de esquerda da
América Latina-, Genoino também responsabilizou Delúbio por
ter passado um dado errado à revista. "Estou assumindo que recebi uma informação equivocada
da Secretaria de Finanças."
Ao ser questionado se o empréstimo prova os vínculos do PT
com o publicitário, disse: "São públicos os vínculos do Marcos Valério com o tesoureiro do PT. Isso
não foi negado. Como presidente
do PT, nunca tive reuniões com
Marcos Valério nem participei de
qualquer relação dele com [o deputado] Roberto Jefferson". Ele
também evitou responder se uma
parcela do empréstimo foi paga
pela SMPB. "O secretário de Finanças dará todas as explicações."
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