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Firma de laranja do Senado também atuou na Câmara
Empresa de crédito consignado em nome da ex-babá de Zoghbi recebeu R$ 3 milhões
O ex-diretor de Recursos Humanos do Senado afirma que não tem relação com as empresas da ex-babá e diz que elas são de seu filho
ALAN GRIPP
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O esquema de uso de laranjas
para negociar crédito consignado no Senado também funcionou na Câmara. Uma empresa
registrada em nome de uma ex-babá com o objetivo de ocultar
seus donos agenciou empréstimos com desconto em folha e
recebeu comissão por isso.
A BM Assessoria de Crédito
Ltda. fechou contratos com
servidores da Câmara durante
o ano de 2008, como ela própria admitiu à Folha. A empresa tem como maior acionista
Maria Izabel Gomes, ama de
leite de João Carlos Zoghbi,
afastado do cargo de diretor de
Recursos Humanos do Senado.
Zoghbi é investigado pela Polícia Federal pela suspeita de
ser o real dono da BM e de outras quatro empresas registradas em nome da ex-babá. Maria Izabel não tem renda.
O diretor afastado também é
responsabilizado pela publicação de parte dos 663 atos secretos revelados no Senado.
Na Câmara, a BM negociou
empréstimos no papel de correspondente bancário (intermediário) do banco Bancred
S.A., autorizado a vender crédito a servidores e a deputados.
Procurada pela Folha, a empresa confirmou ter atuado na
Câmara, mas disse ter fechado
apenas "por volta de 15" empréstimos. Não informou
quanto recebeu de comissão do
Bancred nem quanto faturou.
A Câmara diz desconhecer a
ação de intermediários e que
fecha convênio só com bancos.
Outras duas firmas da ex-babá, a BC Assessoria de Crédito
e a Contact, também eram correspondentes do Bancred na
Câmara, mas não há notícia de
que tenham fechado contratos.
O Bancred pertence hoje
100% ao Itaú Unibanco, mas,
no período dos empréstimos, o
controle do banco era dividido
com o Banco Cruzeiro do Sul.
Nenhuma das três instituições
financeiras quis falar do caso.
Segundo a revista "Época", o
Bancred deu um salto em seus
negócios com o Senado depois
de autorizar a BM a operar crédito consignado em seu nome.
Em 2007, a carteira do Bancred
era de R$ 4 milhões; em 2008,
subiu para R$ 91 milhões.
Lá, as empresas da ex-babá
de Zoghbi são suspeitas de terem recebido cerca de R$ 3 milhões em comissões referentes
a empréstimos a funcionários.
Só o Cruzeiro do Sul pagou R$
2,5 milhões à Contact.
Zoghbi diz não ter relação
com as empresas, que pertencem a seu filho Marcelo Zogbhi. Eles são investigados pela
PF e pelo Ministério Público.
Desde o final de 2007, o mercado de crédito consignado na
Câmara é explorado quase que
totalmente por Banco do Brasil
e Caixa Econômica Federal.
Mas bancos privados ainda
conseguem clientes que precisam de empréstimos elevados
ou que não preenchem requisitos exigidos pelas instituições
públicas, como nome limpo.
O contrato da Bancred com a
Câmara ainda está em vigor:
vence em agosto de 2010.
Em março, Zoghbi perdeu o
cargo de diretor após a revelação de que ele vive em uma casa da alto padrão em Brasília,
mas não abriu mão do apartamento funcional, onde deixou
um filho morando de graça. Ele
integrava o grupo do ex-diretor-geral do Senado Agaciel
Maia, exonerado do cargo.
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