LUIZ MAKLOUF CARVALHO
da Reportagem Local

A 5 de junho, 11 dias antes de iniciar publicamente o embate com o diretor-geral da Polícia Federal, Vicente Chelotti, o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, tentou resolver o impasse de forma discreta e oficial, numa reunião com o próprio Chelotti, no gabinete deste.
A Folha apurou que Chelotti minimizou as denúncias, explicou suas dificuldades para afastar os suspeitos de corrupção e partiu para uma série da críticas ao Ministério Público Federal. Brindeiro ouviu calado, sem esboçar reação.
Mas daí para a frente, o comportamento de Brindeiro mudou. De discreto, passou à guerra aberta contra Chelotti. Por que uma mudança tão radical no comportamento de um procurador que sempre procurou evitar problemas para o governo?
Não há respostas definitivas, mas duas hipóteses vêm sempre à tona, entre procuradores e policiais. Uma leva em conta o parentesco entre Brindeiro e o vice-presidente Marco Maciel, responsável por sua nomeação.
Essa tese diz que Brindeiro jamais atiraria com tanta desenvoltura sem um "vá em frente" do Planalto. Não seria do estilo que ele desde o início consagrou.
O porquê de o Planalto estar interessado em se indispor com o Chelotti poderia em esbarrar em supostas gravações inéditas, relativas ao caso Sivam, de posse do diretor da PF.
A divulgação de gravação de conversas telefônicas envolvendo membros do primeiro escalão do governo levantou suspeitas de tráfico de influência na implantação do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) em outubro de 1995.
A pelo menos um amigo da sua confiança, Chelotti negou a existência das gravações. Para ele, essa informação teria o objetivo de queimá-lo.
A outra hipótese diz que Brindeiro aproveitou o episódio para se recompor com a Associação Nacional dos Procuradores da República, que critica sua atuação. As ameaças contra procuradores teriam dado a ele a primeira oportunidade de tentar aumentar a simpatia entre seus pares.



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