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São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2003

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MUDANÇA DE ROTA

Com reformas encaminhadas no Congresso, governo poderia dar prioridade a outras áreas, diz ministro

Dirceu quer nova agenda contra crise social

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Reunido com cerca de 50 parlamentares petistas em Brasília, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, considerou o momento atual preocupante e disse que o país enfrenta uma conjuntura difícil. Apesar disso, ele ressaltou que o governo vai montar uma agenda positiva e que existe controle da situação.
Segundo relato dos participantes, Dirceu teria usado expressões do tipo "preocupante", "grave", "séria" para descrever a situação, principalmente na questão social. O ministro, porém, deixou claro que o governo quer mudar a agenda e voltá-la para o social, pois as reformas já estariam com encaminhadas no Congresso.
O presidente da Câmara, João Paulo Cunha, aproveitou a reunião de ontem, que durou sete horas, para criticar os ministros da área social. Disse que eles precisam de uma "chacoalhada".
Ainda de acordo com os relatos dos participantes, Dirceu demonstrou preocupação em relação à questão social devido aos conflitos no campo, às invasões de prédios e terrenos urbanos nas grandes cidades e às invasões de prédios públicos por parte dos servidores em greve, como ocorreu ontem, em Brasília.
Na avaliação de Dirceu, segundo parlamentares, o "tempo político do governo encurtou". Por isso, o governo precisa trabalhar com mais rapidez e eficiência.
Na tentativa de mudar a agenda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar nos próximos dias a unificação dos projetos sociais, a aplicação de recursos em infra-estrutura e saneamento e e medidas para o setor de habitação. Além disso, a previsão é que o Orçamento de 2004 esteja formatado nos próximos 15 dias, com aumento de verbas para as Pastas da Saúde e Educação.
Em relação à reforma agrária, o governo diz ter pouca margem de manobra para agilizar os assentamentos devido às limitações orçamentárias e ao alto preço da terra. Na área econômica, Dirceu afirmou que a taxa básica de juros deve continuar caindo, podendo chegar próxima dos 20% até o final do ano e ficar entre 15% e 16% em 2004. Atualmente, a taxa de juros está em 24,5% ao ano. A redução dos juros, de acordo com o ministro, representa um alívio, mas não resolveria o problema.
O ministro tratou ainda dos protestos de servidores grevistas realizados nos últimos dias em Brasília, afirmando que o governo deve dialogar com os movimentos sociais e adotar atitude democrática. Mas ressaltou que o governo deve ficar atento para não ser desmoralizado, como no caso de invasão de prédios públicos. Nesse caso, disse que é preciso dialogar, mas mantendo a ordem.



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